03/09/2021 - 17:58
Havia-me prometido não falar mais de política. Depois que a CPI da Covid começou deixou de haver condição para isso. Qualquer crítica se tornou acéfala e qualquer opinião inútil. Entendi que estaria apenas acrescentando ruído a um inferno desnecessitado de mais almas penadas. Falar contra ou a favor teria o mesmo efeito. Ou seja: nenhum. Quando falar é tóxico a gente deve fazer regime sem palavras.
Deixando quieta a gritaria da CPI, fui procurar as coisas positivas do Brasil. E encontrei muitas. Maravilhosos ambientes de tecnologia e inovação: financeira em São Paulo, social no Rio, integradora em Brasília, da mobilidade em Santa Catarina. Dos mais vibrantes do mundo.
Achei um agronegócio florescendo, cada vez mais moderno e melhor integrado com o setor da logística que, embora dependendo ainda da vontade do mercado, continua puxando o Brasil para cima na equação do futuro das nações. O robusto desempenho de todo o setor exportador, aliado a uma taxa alta do Selic e à recuperação da atração do investimento estrangeiro, são “culpados” de muitas boas notícias.
Topei uma geração de novos empresários olhando todo o Planeta como o território natural de seus negócios, escapando à ditadura “quatrocentona” que considerava o mercado interno como a única possibilidade de crescimento. Garantir no futuro o regresso dessa nova geração de jovens empreendedores deveria ser uma das nossas maiores prioridades e preocupações.
Devorei o extraordinário banquete que o reinaugurado museu da língua portuguesa entregou ao Mundo e nele senti a força literária, poética e económica da língua que mais falada no hemisfério sul que une uns 280 milhões de falantes na nossa casa comum.
Mas, verdadeiramente, o melhor de tudo sempre são as pessoas. As brasileiras e os brasileiros que, muitas vezes sofrendo e morrendo de abandono, sendo vítimas de um desprezo utilitário, dão constantes lições a esses políticos de quem hoje, volto a falar.
O Brasil entra no ano do seu 200º aniversário no próximo dia 7 de Setembro, mas esta data, ao invés de estar servindo a união entre todos, projetando da nossa força no mundo, melhorando a nossa imagem internacional, preparando a alegria e as celebrações bicentenário, está sendo utilizada exatamente no sentido contrário: aumentando a desunião, multiplicando o confronto e sublimando a culpa.
Talvez por isso seja novamente necessário falar de política. O próximo ano será decisivo para o Brasil.