O general Walter Braga Netto precisa arrumar o que fazer de útil no Ministério da Defesa – cuidar das fronteiras e nelas combater o tráfico de drogas e armas é uma boa sugestão. Aliás, isso é o que fixa a Constituição Federal. É para tal tarefa que ele recebe soldo, deixando-se claro que considerável parte desse salário é dinheiro público. Se Braga Netto gosta ou não do regime democrático, isso é problema dele — e está claro que não gosta. Mas ele tem de respeitar a democracia e o Estado de Direito, porque é seu dever de ofício (obrigação e não opção) defender as instituições.

Braga Netto não tem nada de se intrometer na política, como o fez recentemente quando ameaçou o presidente da Câmara, Arthur Lira, de não realização do pleito em 2022 se os parlamentares não aprovarem o voto impresso, como quer Jair Bolsonaro. O presidente Bolsonaro diz que tem provas de que há fraude nas urnas eletrônicas, mas tudo não passa de mentira e bravata.

O Legislativo é um Poder da República, cada parlamentar está incumbido de um mandato que lhe foi outorgado pelo eleitor. Tem poder constituinte originário. As Forças Armadas não são um poder republicano, são uma instituição que, por força de lei, deve assegurar a incolumidade de tais Poderes. Braga Netto tem de cuidar da ordem, não promover a desordem para defender teses amalucadas do presidente.

Como será que o general pretende impedir as eleições com urnas eletrônicas? Colocará tropas nas ruas? Tanques de guerra nas ruas?

O general é um saudosista da ditadura militar. Saudade de coisa ruim passa logo se lhe derem o que fazer no Ministério da Defesa.