A Polícia Federal (PF) acredita que o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, liderou uma campanha velada, mas agressiva, de pressão a oficiais das Forças Armadas que rejeitaram aderir ao plano golpista articulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por seus aliados mais próximos para continuar no poder mesmo após uma eventual derrota nas eleições de 2022.

Conversas recuperadas pela PF mostram que até mesmo o então comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, entrou na mira do ministro.

Em um dos diálogos, em dezembro de 2022, Braga Netto afirma que a “culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do general Freire Gomes”. “Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, acrescenta o ministro. “Oferece a cabeça dele. Cagão.”

As mensagens foram trocadas com o capitão reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, preso pela Polícia Federal na investigação sobre as fraudes nos cartões de vacina.

Braga Netto também atacou o tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, na época era comandante da Aeronáutica, chamado de “traidor da pátria”. “Inferniza a vida dele e da família”, orienta o ministro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação deflagrada nesta quinta-feira pela PF para aprofundar a investigação, afirmou que Braga Netto teve “forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”.