O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, tomou posse na tarde desta quarta-feira, 29, em uma cerimônia no Palácio do Planalto. O evento apenas formalizou a entrada de Boulos no Planalto, mas ele já ocupa o cargo oficialmente há pelo menos 10 dias. Ele assume o lugar de Márcio Macêdo, que se dedicará à candidatura para deputado federal em 2026.
Boulos assume o posto com a missão de aproximar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dos movimentos sociais. O novo ministro ainda terá a missão de “colocar o governo na rua” para mostrar as ações do governo. Logo no primeiro discurso como ministro, Guilherme Boulos defendeu pautas populistas e garantiu o diálogo com a classe trabalhadora, como motoristas de aplicativo e MEI’s.
“A proposta é dialogar com todo mundo, não só com quem já concorda conosco. Dialogar com os entregadores de aplicativo, com motoristas de aplicativo, pequenos empreendedores. Dialogar com as pessoas em situação de rua, dialogar com povo das periferias deste país”, afirmou.
“Nosso papel será também expor a hipocrisia daqueles que dizem ser contra o sistema para defender o povo. Se são contra o sistema, porque não apoiam a nossa proposta de taxar bilionário e bets, porque não vem junto com a gente para acabar com a escala 6×1 para milhões de trabalhadores brasileiros. Precisamos trazer isso para a berlinda e para o debate público”, ressaltou o novo ministro.
A entrada de Boulos em um dos quadros do Planalto não foi atoa, mas estratégica para ambos os lados. Enquanto Guilherme Boulos pavimenta seu nome mirando as eleições na cidade de São Paulo em 2028 e, de quebra, se fortalece como um dos candidatos a herdar o capital político do petista, Lula ganha corpo para sua campanha à reeleição. Com isso, o Planalto fecha a trinca de frentes para atacar em 2026, que ainda conta com Gleisi Hoffmann na articulação política e Sidònio Palmeira na comunicação.
O nome do deputado e candidato à Prefeitura de São Paulo em 2020 e 2024 já circulava nos arredores do Planalto desde março, mas Lula resolveu aguardar a nomeação O estopim foi a manifestação contra a PEC das Prerrogativas e o PL da Anistia, que contou com 42 mil pessoas na Avenida Paulista.
Lula também ganha um coordenador de campanha para a sua reeleição, já que Boulos pende para não se lançar candidato em 2026. Internamente, o PSOL ainda trabalha com a ideia de tê-lo como o nome do partido ao Senado no próximo ano, uma possibilidade também aventada nos corredores do Planalto. A tese, todavia, corre por fora visto a forte articulação em prol de outros nomes, como Fernando Haddad (ministro da Fazenda), Marina Silva (ministra do Meio Ambiente), Simone Tebet (ministra do Planejamento) e Geraldo Alckmin (vice-presidente e ministro da Indústria). Caso não se lance, o psolista manterá seu protagonismo na eleição do petista, sendo o responsável por impulsionar a campanha nas ruas.
Antes de abrir seu discurso, Boulos pediu um minuto de silêncio em homenagem aos mortos na operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, na terça-feira, 28, no Rio de Janeiro. O confronto entre policiais e traficantes terminou com 121 mortos, sendo quatro policiais, o maior saldo registrado na história do combate ao crime no estado. Em seguida, Boulos usou seu discurso para alfinetar a oposição e criticar os órgãos de segurança que focam seus olhares nas comunidades.
“[Lula] não fala fino com os Estados Unidos e que honra de verdade a nossa bandeira e a nossa soberania. Diferente daqueles que usando símbolos nacionais durante anos, fizeram isso para esconder sua traição à pátria. Orgulho de fazer parte de um governo que entende que as cabeças das organizações criminosas não estão nas favelas, muitas vezes está na lavagem de dinheiro na Faria Lima, como vimos na Operação Carbono Oculto”.
Boulos deverá anunciar nos próximos dias mudanças em cargos-chaves da SGP. O novo ministro quer incluir nomes ligados ao PSOL na pasta. Já Macêdo focará em sua candidatura para deputado federal por Sergipe.
)