Poucas coisas são tão cínicas e insuportáveis quanto os discursos de esquerda contra o capital, os empresários e os banqueiros. Uma vez no poder – ou disputando o poder – essa gente corre para os cofres e bolsos dos abonados, como crianças avançam nos brigadeiros das festinhas.

A empreiteira Andrade Gutierrez foi uma das construtoras fisgadas pela Lava Jato no maior esquema de corrupção do mundo, o petrolão, que teve como maior e principal protagonista o corrupto e lavador de dinheiro, Lula da Silva. A relação da família com o meliante de São Bernardo é antiga e remota os anos 1980.

Pois bem. Marília de Andrade, filha de um dos fundadores da AG, tornou-se a maior doadora da campanha de Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo. Enviou uma bolada de 100 mil reais. Nada comparado ao acordo de leniência fechado entre a empreiteira e a Justiça, onde a empresa se comprometeu a devolver 1.5 bilhão de reais.

Boulos, se fosse ideologicamente honesto e coerente com sua pregação política, não deveria aceitar dinheiro de uma das famílias mais ricas do País, que vive “da exploração dos trabalhadores e da miséria do povo” (palavras usuais da esquerda nacional). Mas Boulos, como todo bom “ista” – socialista, comunista, progressista… – não resiste a um capilé fácil.

A campanha de Boulos custará, imaginem os senhores, a bagatela de mais de 5 milhões de reais. Quantas casas populares poderiam ser construídas com essa grana? Mas é mais fácil invadir e demonizar os ricos, afinal, como viveriam nossos valentes da esquerda sem falsas bandeiras para pregarem nas eleições?