Guilherme Boulos (PSOL) publicou em suas redes sociais nesta segunda-feira, 21, uma carta endereçada aos paulistanos em que apela para que “não desistam da mudança” e procura dirimir a pecha de extremista explorada por adversários e difundida no debate público ao longo dos últimos anos.

A rejeição ao candidato, que enfrenta Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno da eleição pela prefeitura de São Paulo, era de 56%, segundo pesquisa Datafolha divulgada em 17 de outubro.

+A dificuldade de Boulos para conquistar os votos de Lula em São Paulo

Na “Carta ao povo de São Paulo”, Boulos admite que “muitos ficam assustados” com sua “trajetória no movimento social”, em referência ao período à frente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), promete fazer um governo de “diálogo e construção conjunta, sem amarras a qualquer tipo de sectarismo” e afirma que a esquerda “deixou de falar com tanta gente que batalha, sofre o dia a dia das periferias e buscou encontrar sua própria forma de ganhar a vida”, em novo aceno a pequenos empreendedores e categorias informais, como motoristas de aplicativo.

Por fim, usa o termo “risco”, muitas vezes associado à própria candidatura, para se referir à reeleição de Nunes, afirmando que a decisão em 27 de outubro será entre “deixar um prefeito fraco e omisso levar nossa cidade ao caos” e a oportunidade de uma “política que entende e apoie a periferia que quer empreender”.

A carta de Lula

Em junho de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um texto chamado “Carta ao povo brasileiro” em que se comprometeu a trabalhar pelo equilíbrio fiscal, manter uma relação pacífica com instituições financeiras e contemplar os interesses do empresariado caso fosse eleito presidente.

A exemplo da percepção negativa atrelada a Boulos pelo papel no MTST, o petista viu sua trajetória como sindicalista e líder de greves de operários pesar para suas derrotas nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998. A carta é interpretada por historiadores e analistas como um dos gestos relevantes da campanha que levou Lula pela primeira vez ao Palácio do Planalto — naquele ano, ele foi eleito no segundo turno, com 61,27% dos votos válidos.

Desde então, aliados e herdeiros políticos do presidente emularam essa estratégia para enfrentar índices elevados de rejeição ou embates difíceis nas urnas. No pleito de 2024, além de Boulos, Lúdio Cabral (PT) publicou uma “carta aos cristãos” com o objetivo de bater Abílio Brunini (PL) pela prefeitura de Cuiabá.