Um projeto liderado por organizações não governamentais está monitorando via satélite botos em rios do Brasil, da Bolívia e da Colômbia. A iniciativa é inédita e tem como objetivo coletar uma série de informações sobre os animais, incluindo a distribuição no vasto bioma amazônico, para traçar estratégias mais eficazes de conservação.

No Brasil, o projeto é liderado pela WWF, que desde o início do ano já vinha utilizando drones para estimar as populações locais de botos. De acordo com Marcelo Oliveira, especialista em conservação do programa Amazônia do WWF-Brasil, o monitoramento revelará dados importantes sobre a distribuição das populações de botos, sua genética e os impactos que elas sofrem com as construções de barragens, por exemplo.

“É a primeira vez que se rastreiam os botos por satélite. Atualmente, sabe-se que esses animais estão ameaçados, mas todo o conhecimento sobre eles tem por base dados pontuais. Sabemos muito pouco sobre o comportamento, o hábitat e a distribuição”, diz ele.

“Queremos ter uma ideia geral da saúde desses animais e de seus padrões de deslocamento. E verificar como esses grupos de botos serão afetados pela proximidade das hidrelétricas que estão previstas para esta região”, afirma a cientista Miriam Marmontel, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) – uma das instituições participantes do projeto internacional.

Inicialmente, o projeto vai monitorar 15 animais, cinco em cada país. Segundo Oliveira, é preciso capturar os animais para instalar o tag – uma espécie de piercing, fixado na nadadeira dorsal do animal. Quando o boto vai à superfície e põe a nadadeira fora da água, o dispositivo envia sinais ao satélite. “No Brasil, capturamos nove animais na bacia do Rio Tapajós e instalamos tags em cinco.

Na bacia do Rio Marañon, na Colômbia, um animal já foi capturado e faltam outros quatro. Na Bolívia, estamos agora instalando os tags em cinco animais, na bacia do Rio Madeira”, explicou. Os botos que estão sendo monitorados são todos das espécies Inia geoffrensis e Inia boliviensis – dois dos quatro tipos de botos existentes na Amazônia.

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Os primeiros animais a terem o dispositivo instalado – dois dos cinco brasileiros – começaram a ser monitorados no fim de outubro. Segundo Oliveira, cada um deles já emitiu mais de 150 posições. “O satélite tem sido acionado de três a quatro vezes por dia.”

Expansão

Segundo ele, as baterias dos dispositivos podem durar até sete meses. Após os primeiros testes, os pesquisadores pretendem aumentar o número de botos monitorados até 50. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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