SARAJEVO, 11 JUL (ANSA) – A Bósnia-Herzegovina relembrou neste sábado (11) os 25 anos do massacre de 8 mil homens e meninos muçulmanos em Srebrenica pelas forças do general sérvio-bósnio Ratko Mladic.   

Com medidas de segurança sanitária devido à pandemia do novo coronavírus, uma cerimônia no Cemitério Memorial de Potocari, na entrada de Srebrenica, marcou o sepultamento de nove vítimas do genocídio cujos restos mortais foram identificados ao longo do último ano.   

A vítima mais jovem enterrada neste sábado é Salko Ibisevic, que tinha 23 anos, enquanto a mais velha é Hasan Pezic, de 70. O massacre ocorreu de 11 a 18 de julho de 1995, durante a guerra pela independência da Bósnia-Herzegovina em relação à antiga Iugoslávia, sob o olhar impotente da comunidade internacional.   

O genocídio de Srebrenica custou a vida de 8,3 mil pessoas, de acordo com números oficiais, mas algumas fontes falam em até 10 mil mortos. Na ocasião, as tropas sérvio-bósnias de Mladic invadiram a cidade e massacraram a população muçulmana masculina, a despeito da presença de soldados neerlandeses das Nações Unidas.   

“Um quarto de século atrás, as Nações Unidas e a comunidade internacional não defenderam o povo de Srebrenica”, reconheceu o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma mensagem pelo aniversário do massacre. “Esse fracasso perseguirá nossa história para sempre”, acrescentou.   

Após o genocídio, o líder político dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, e o chefe militar Ratko Mladic cantaram vitória e declararam ter conquistado mais de 60% do país – ambos seriam condenados à prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional de Haia para a Antiga Iugoslávia.   

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No entanto, o genocídio convenceu o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, a intervir, após a Europa ter passado três anos assistindo sem reação aos crimes contra a humanidade na Bósnia-Herzegovina.   

Em poucos meses, os EUA conseguiram a aprovação do Acordo de Dayton, que encerrou o conflito, mas reforçou a divisão étnica ao segmentar o país em dois entes autônomos: a República Srpska (49% do território), de maioria sérvia e onde fica Srebrenica, e a Federação da Bósnia e Herzegovina (51%), que reúne as populações bosníaca (muçulmana) e croata.   

Seu sistema político prevê uma Presidência tripartite, com um representante bosníaco, um sérvio e um croata, o que acabou engessando o governo e dificultando o desenvolvimento econômico da Bósnia-Herzegovina. (ANSA)


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