O futuro político de Boris Johnson pode ser incerto, mas sua carreira na mídia está garantida: o ex-primeiro-ministro britânico foi contratado como colunista do jornal conservador Daily Mail nesta sexta-feira (16), em um polêmico retorno ao jornalismo.

Este tabloide é conhecido por seus ataques de alto nível a ambientalistas, migrantes e ao príncipe Harry, além de sua defesa ferrenha do Brexit. Defendeu o ex-líder conservador durante todo o “Partygate”, o escândalo de festas ilegais realizadas em Downing Street durante os confinamentos, o que contribuiu para sua renúncia como primeiro-ministro em julho passado.

Na semana passada, Johnson também teve de renunciar ao cargo de deputado após um relatório parlamentar considerá-lo culpado de mentir deliberadamente ao Parlamento.

Um dia depois que o relatório foi divulgado, o Daily Mail afirmou em sua primeira página que havia recrutado um misterioso “novo colunista erudito”, cujas palavras serão esperadas “em Westminster e em todo o mundo”.

Posteriormente, confirmou que se trata de Johnson, que publicará uma coluna todos os sábados a partir desta semana.

Para Johnson, que completa 59 anos na segunda-feira e está prestes a ter seu oitavo filho, essa atividade representará uma fonte de renda confortável. O site “Politico” diz que ele ganhará centenas de milhares de dólares com isso, o que se somará aos milhões que ganhou dando palestras desde que deixou Downing Street.

Mas sua contratação foi imediatamente criticada pela comissão encarregada de fiscalizar a contratação de ex-funcionários públicos no setor privado, para evitar conflitos de interesse.

A comissão alegou não ter sido notificada a tempo.

“Um pedido recebido 30 minutos antes de uma nomeação ser anunciada é uma clara violação das regras”, disse uma porta-voz, observando que a agência pediu uma explicação a Johnson.

Antes de se dedicar à política como prefeito de Londres e ministro de vários governos, ele trabalhou durante anos como jornalista.