A pandemia do coronavírus acelerou o boom do comércio eletrônico no mundo e disparou os ganhos do Mercado Livre, plataforma argentina que é líder na América Latina.

Criado em 1999 pelo argentino Marcos Galperín, o Mercado Livre dobrou suas vendas, tanto em faturamento quanto em volume, no segundo trimestre de 2020, quando a pandemia se espalhou pela região e a maioria dos países decretou o confinamento da população.

A capitalização de mercado da empresa é de cerca de 55 bilhões de dólares, o que a coloca ao lado da brasileira Vale, maior empresa da América Latina.

Suas ações de Wall Street saltaram de US$ 610,19 em 2 de janeiro para US$ 1.111,64 na quarta-feira passada, em meio ao apetite dos investidores pelos papéis da empresa, à medida que o comércio eletrônico se tornou a escolha do consumidor confinado.

Com um modelo de negócios semelhante ao da Amazon e do eBay, o Mercado Livre está presente em 18 países e ocupa o sétimo lugar entre esses gigantes do e-commerce.

“Na América Latina as oportunidades são muitas. Estima-se que a transformação digital se acelerou entre três e cinco vezes nos últimos meses”, disse à AFP Sean Summers, vice-presidente de marketing da empresa.

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Enquanto as economias latino-americanas caem, com aumento da pobreza e do desemprego, o Mercado Livre viu o número de usuários da plataforma crescer 45,2%, chegando a 51,5 milhões de pessoas, de acordo com seu último balanço.

Seu lucro líquido aumentou de US$ 545 milhões no segundo trimestre de 2019 para US$ 878 milhões no mesmo período deste ano.

O lucro bruto passou de 272 milhões no segundo semestre de 2019 para 427 milhões no mesmo período de 2020. O lucro líquido após os impostos no trimestre foi de US$ 55,9 milhões ou US$ 1,11 por ação.

“Em nosso marketplace são realizadas 16 compras e 425 visitas por segundo e o volume total de pagamentos processados no trimestre pelo Mercado Pago (…) foi de 11.214,3 milhões de dólares, um aumento interanual de 72,1%”, disse Summers.

– Clicar ou sucumbir –

A pandemia fortaleceu as vendas e pagamentos virtuais, pilares do negócio do Mercado Livre, círculo que se fecha com o seu sistema de crédito disponível em diversos países.

“O Estado, os produtores e os consumidores não tiveram outra opção a não ser clicar ou sucumbir”, resumiu à AFP Ignacio Carballo, diretor do Ecossistema de Programas Fintech da Universidade Católica Argentina.

“Antes da COVID-19, um terço dos pagamentos nas economias em desenvolvimento eram canalizados por meios físicos: correio, cheques ou dinheiro”, apontou Carballo.

Em uma pandemia, “as empresas se adaptaram e investiram em seus canais de vendas digitais. Será preciso ver quanto restará dessa inclusão digital forçada do consumidor e se as mudanças de hábito serão permanentes”, acrescentou.

Apenas na Argentina, desde março, as vendas online aumentaram 84%, de acordo com a Câmara Argentina de Comércio Eletrônico. O fenômeno parece se replicar em outros países da região.

Ao final do segundo trimestre de 2020, o Mercado Livre somou 17 milhões novos usuários, completou 3,3 milhões de transações diárias por meio do Mercado Pago e concedeu 172 milhões de dólares em empréstimos no México, no Brasil e na Argentina.


Na América Latina, “mais da metade da população está fora do sistema financeiro tradicional, ou com poucos bancos. Incluir essa parcela da sociedade nos serviços financeiros é uma grande revolução que ainda precisa ser consolidada”, disse Summers.

Com 12.200 funcionários na região, o Mercado Livre anunciou que irá incorporar mais 5.000 em 2020, a maior parte em seus centros de distribuição.


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