O bonobo, o primo mais próximo do homem no reino animal, se sente mais atraído por personalidades dominantes e insensíveis do que pelas gentis e amáveis, segundo uma pesquisa publicada na quinta-feira na revista científica Current Biology.

Os pesquisadores se surpreenderam com as observações porque o bonobo, muito menos agressivo que o chimpanzé, é considerado um animal pacífico e disposto a cooperar.

Este estudo, segundo os autores, apoia a ideia de que a tendência a evitar indivíduos agressivos é um dos comportamentos que diferenciam os humanos de outras espécies.

Aos três meses de vida o ser humano já mostra a capacidade de distinguir as pessoas agradáveis das “ruins” e prefere interagir com aqueles dispostos a ajudar os demais, revelaram estudos anteriores.

Para determinar se o bonobo compartilhava estes mesmos rasgos sociais, os cientistas da Universidade de Duke, na Carolina do Norte (leste dos Estados Unidos), realizaram uma série de testes com bonobos adultos do santuário Lola Ya, na República do Congo.

Em um dos testes, mostraram a 24 bonobos um desenho animado em que um personagem tenta subir uma colina com dificuldade. Então aparecem dois protagonistas: um tenta ajudá-lo e o outro o empurra para fazê-lo recuar.

Mais tarde, colocaram pedaços de maçã debaixo de uma representação impressa de cada um dos dois protagonistas para ver aonde os bonobos iam primeiro, e descobriram que os animais tendiam a preferir o vilão.

Em outro experimento, um vídeo mostrou um humano lançando um bichinho de pelúcia para longe. Uma segunda persona tenta devolvê-lo para seu dono, mas uma terceira pessoa intervém e rouba o brinquedo.

Depois, os bonobos tiveram novamente que escolher se aceitavam um pedaço de maçã do bom samaritano ou do ladrão, e escolheram este último.

Com exceção dos humanos, os primatas sempre foram agressivos e antissociais.

Para os cientistas, os bonobos poderiam ver na aspereza um sinal de alto status social e simplesmente buscariam estar ao lado dos indivíduos dominantes. “Vale a pena ter aliados poderosos”, resumiram.

Nos humanos, afastar-se dos que maltratam os demais ajuda a evitar parceiros ruins e desencoraja estes comportamentos autoritários por medo a serem rejeitados socialmente.

Para os cientistas, privilegiar indivíduos sociáveis e amigáveis é a chave dentro das sociedades humanas para trabalhar de forma cooperativa e em harmonia em grande escala.