O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), anunciou nesta quinta-feira, 28, que o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) será o relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) no colegiado.

Andrada tem 87 anos, é advogado e está no décimo mandato consecutivo como deputado federal. Aliado do senador Aécio Neves (MG), o deputado faz parte da ala do PSDB que defende a permanência do partido no governo. Na primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, o tucano votou para barrar a investigação contra o presidente da República.

A escolha de Andrada deve desagradar a liderança do PSDB. O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), chegou a pedir formalmente a Pacheco que nenhum de seus liderados fosse escolhido relator da segunda denúncia contra Temer. O mesmo pedido foi feito por Aécio, presidente licenciado do PSDB e que está afastado do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O coordenador da bancada do PSDB na comissão, Betinho Gomes (PE), também pediu a Pacheco que a relatoria não ficasse nas mãos de nenhum tucano. Como o partido se dividiu na primeira votação, quer evitar repetir o constrangimento que ocorreu quando Paulo Abi Ackel (PSDB-MG) assinou relatório que absolveu Temer, se alinhou ao Planalto e expôs a divisão interna.

Na entrevista em que anunciou o relator, Pacheco admitiu que foi procurado pelo líder do PSDB, mas disse que Andrada está “acima” dessas questões. “Tenho certeza que PSDB haverá de ficar contente com a decisão”, afirmou. Ele também minimizou o fato de Bonifácio ter votado a favor de Temer na primeira denúncia. “É uma nova realidade e confio muito na decência e na experiência do deputado Bonifácio”, disse.

Pacheco admitiu que chegou a sondar outros deputados para a relatoria, entre eles, Evandro Gussi (PV-SP), Ronaldo Fonseca (PROS-DF) e Marcos Rogério (DEM-RO). Os três, porém, informaram que não tinham interesse no posto. No caso de Rogério, a líder do DEM,  Efraim Filho (PB), também procurou o presidente da CCJ para pedir que não escolhesse nenhum deputado do partido como relator.

É a segunda vez, portanto, que a relatoria da denúncia cai nas mãos de um tucano mineira. Após a maioria da CCJ recusar o relatório de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) foi escolhido para relatar a acusação e aconselhou seu arquivamento.