Quando o Bombay Groovy conduz uma espécie de encontro psicodélico entre uma percussão de marcha marcial, dedilhados de sitar indiano e um órgão hammond, não há a necessidade de que palavras sejam ditas ali. De olhos fechados, enquanto executam Bolero de Lilith, deixando a música guiar a imaginação deles, Rod Bourganos e Jimmy Pappon, dois terços do trio paulistano, se imaginam mergulhados em um mar escarlate. E propõem essa viagem para o ouvinte também.

É em pirações sinestésicas como essa que se fundamenta o som do grupo integrado ainda por Leonard Nascimento, cujo segundo disco, no qual está incluída a faixa citada acima, chega às plataformas de música por streaming nesta quarta-feira, 27. O álbum, chamado de Dandy do Dendê, tem seu show de lançamento marcado para este sábado, 30, no Sesc Belenzinho, às 21h. Lá, a versão física do disco estará disponível para compra por R$ 15.

Banda da excelente safra de psicodelia no rock nacional, o Bombay Groovy difere justamente pela referência à maior cidade indiana em seu nome. Não há vocalista ou letras ali. O sitar indiano conduzido por Bourganos lidera as canções dessa nova safra, assim como no álbum anterior, que levava o nome do grupo. O Bombay Groovy, contudo, investe em novas direções em Dandy do Dendê, como uma celebração à pesquisa musical promovida pelo baixista Danniel Costa, que morreu aos 32 anos no ano passado, e dizia que “a música é como arquitetura, flerta com diferentes noções, palpáveis e não palpáveis”, como explicou Bourganos. Da psicodelia mais latente do primeiro álbum, correm dessa vez também para desbravar as fronteiras do rock progressivo. E isso é apenas uma das muitas facetas que o trio é capaz de explorar nas 12 faixas desse trabalho. A canção-título, por sua vez, apresenta o híbrido delicioso de maracatu e baião penteados pelo sitar. “Acho o segundo disco um marco mais importante do que o primeiro para uma banda”, diz Pappon, responsável pelas teclas do trio. “Ele mostra para onde a banda está indo. O quanto ela amadureceu. Quais são as ideias novas. Isso aponta para o futuro.”

E o futuro do Bombay Groovy nasceu em quatro ensaios. Com temas e trechos já criados, o trio se juntou no estúdio da casa de Pappon, em Perdizes, e, em quatro ensaios, Dandy de Dendê estava pronto para ser gravado. Ao longo das 12 faixas, cores e imagens espaças chegam e vão ao som do Bombay Groovy. Ora soturnas, ora iluminadas. Sem nunca necessariamente pegar o ouvinte pela mão e mostrar o caminho, o trio lidera uma viagem transcendental. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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