Vários civis morreram nesta quarta-feira (20) em bombardeios em ambos os lados da fronteira entre Rússia e Ucrânia, uma espiral de violência que levou o presidente russo Vladimir Putin a prometer “segurança” para as províncias fronteiriças.

No oblast (província) russo de Belgorod, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas em vários bombardeios, especialmente em um dos distritos na fronteira, disse o governador local, Viacheslav Gladkov.

A cerca de 70 km de distância, na cidade ucraniana de Kharkiv, a segunda maior do país, “cinco pessoas morreram por um míssil russo”, afirmou o presidente Volodimir Zelensky.

Outras nove pessoas ficaram feridas e o paradeiro de outras cinco é desconhecido, informaram as autoridades locais, alertando que o balanço poderia aumentar. As operações de busca e resgate continuaram durante a noite.

O bombardeio atingiu instalações industriais que abrigavam uma gráfica e uma fábrica de móveis e tintas, explicou Sergei Bolvinov, chefe do departamento de investigação policial da região de Kharkiv.

As imagens mostravam um incêndio no interior do prédio e pelo menos cinco caminhões de bombeiros no local.

Os serviços de emergência ucranianos divulgaram fotos ao cair da noite, mostrando janelas da fábrica estouradas e bombeiros caminhando pelo interior carbonizado.

A cidade de Kharkiv, a cerca de 40 quilômetros da fronteira e que tinha 1,5 milhão de habitantes antes da invasão russa há dois anos, é frequentemente alvo dos bombardeios de Moscou.

Após o ataque, Zelensky voltou a pedir sistemas de defesa antiaérea.

“Nossos parceiros têm esses sistemas de defesa. E nossos parceiros devem entender que as defesas aéreas devem ser usadas para proteger vidas”, declarou em um vídeo.

– Incursões armadas –

Em Belgorod, dois civis morreram e outros dois ficaram feridos perto de Graivoron, uma vila fronteiriça alvo de ataques aéreos e incursões terrestres de grupos armados vindos da Ucrânia, afirmou o governador regional Viacheslav Gladkov.

A área tem sido alvo de “bombardeios massivos” com a ajuda de múltiplos sistemas lança-foguetes, indicou.

Gladkov também falou sobre a morte de um civil na cidade de Belgorod, capital do oblast de mesmo nome, assim como dois feridos, um deles de 17 anos.

Diversos prédios residenciais também foram danificados, além de uma escola e dois jardins de infância, esvaziados após a decisão desta semana de fechar temporariamente as escolas nos distritos na fronteira pelo risco de bombardeios.

Gladkov também anunciou que haverá postos de controle na entrada das cidades mais próximas à Ucrânia, onde nas últimas semanas houve incursões armadas a partir de território ucraniano de grupos de combatentes russos pró-Kiev.

Um dos lugares mais afetados é a vila de Kozinka, onde ocorreram as “ações mais ativas” desses grupos, disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu.

Durante as eleições presidenciais russas da semana passada, “os combatentes ucranianos tentaram tomar localidades nos oblasts de Belgorod e Kursk”, contou.

A província de Belgorod também foi alvo de vários bombardeios atribuídos à Ucrânia, que, desde o início da ofensiva russa em fevereiro de 2022, prometeu levar os combates para o território russo em retaliação.

Por sua vez, Putin, recém-reeleito, prometeu nesta quarta-feira “garantir a segurança” dos habitantes das províncias fronteiriças, incluindo Belgorod, elogiando sua “coragem”.

“É claro que poderíamos retaliar atingindo infraestruturas civis [na Ucrânia], mas temos nossos princípios”, afirmou em uma recepção no Kremlin.

A Rússia segue negando que esteja mirando alvos civis na Ucrânia, apesar de cidades como Mariupol ou Bakhmut terem sido devastadas desde o início do conflito.

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