Ao menos 28 civis morreram devido a ataques aéreos do governo sírio contra um reduto rebelde próximo a Damasco, no momento em que o conflito na Síria completa sete anos.
Na Guta Oriental vivem cerca de 400 mil pessoas, atingidas, sobretudo, pela escassez de comida e remédios, ao que se acrescenta um aumento de bombardeios nas últimas semanas, informou Rami Abdel Rahman, encarregado do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede no Reino Unido.
Os ataques mais mortais ocorreram na localidade de Beit Sawa, onde morreram 10 civis, duas crianças entre eles. Outros nove civis, incluindo duas crianças e um socorrista local, foram abatidos em Arbin. Mais nove civis morreram em outras partes da região sitiada e várias dezenas de pessoas ficaram feridas, segundo o OSDH.
Esta série de ataques acontece em um momento em que a Unesco, organismo da ONU para a proteção da infância, adverte sobre a situação das crianças no Oriente Médio.
Ao menos 83 crianças morreram na região em janeiro. Destas, 59 apenas na Síria. Outras quatro crianças sírias estavam entre os 16 refugiados que morreram por uma tempestade de neve no Líbano.
– Chorando em silêncio –
Nesta segunda-feira, em Arbin, um correspondente da AFP viu cadáveres de crianças no chão do hospital local.
Outro dos mortos era um membro de um grupo de voluntários de resgate da cidade. Também podia-se ver um grupo de seus colegas chorando sua morte.
Fora do centro médico, um homem chorava sentado em silêncio sobre uma pilha de escombros após ter perdido dois integrantes de sua família durante os ataques.
Correspondentes da AFP no local informaram que os ataques aéreos começaram às 10h00 locais (06h00 de Brasília) desta segunda-feira. Durante a tarde podia-se ouvir os aviões sobrevoando a zona.
Em uma suposta represália, caíram foguetes e obuses sobre bairros de Damasco controlados pelo governo, segundo informou a agência oficial de notícias Sana.
Uma mulher morreu e outras quatro pessoas ficaram feridas por causa da queda de um obus no bairro de Bab Tuma e na catedral maronita da capital, segundo assinalou uma fonte policial à agência.
Outra pessoa morreu e nove ficaram feridas pelos disparos de foguetes contra o distrito de Harasta, controlado pelo governo.
A guerra na Síria provocou a morte de mais de 340 mil pessoas e deslocou milhões desde que começou, em março de 2011, com uma brutal repressão de protestos pacíficos contra o governo.
No entanto, a Guta Oriental é uma das quatro “zonas de distensão” definidas no ano passado pelos aliados rebeldes da Turquia e pelos sócios do governo sírio, Irã e Rússia.
Mas a violência se intensificou nas últimas semanas nesta área, com ao menos 11 civis mortos em incursões no distrito somente na sexta-feira.
Suspeita-se que durante este mês o cloro tenha sido utilizado em duas ocasiões pelo governo na Guta Oriental, provocando problemas respiratórios entre os civis.
As acusações pelo uso de gases tóxicos também incluem Idlib, uma província controlada pela oposição no noroeste do país, que integra uma zona de distensão. Na mesma, 16 civis faleceram no domingo.
A ONU levantou a voz pela utilização de armas químicas neste conflito, em particular em 2014 e 2015. O governo nega com veemência esta afirmação.