Um bombardeio russo deixou pelo menos 14 mortos e dezenas de feridos nesta quarta-feira em Chernigiv, cidade do norte da Ucrânia, um ataque que, segundo o presidente Volodimir Zelensky, poderia ter sido evitado se o país tivesse recebido sistemas de defesa antiaéreas suficientes.

O comandante da administração militar da cidade, Dmitro Brijinski, informou que 14 pessoas morreram e 61 ficaram feridas, incluindo duas crianças.

O ministro do Interior, Igor Klimenko, advertiu que o balanço pode aumentar porque há muitos desaparecidos e os trabalhos de resgate prosseguem para tentar retirar as pessoas dos escombros.

Zelensky, que insiste no pedido de mais ajuda às potências ocidentais para enfrentar a invasão russa, afirmou que a Ucrânia não tinha defesas antiaéreas suficientes para interceptar os mísseis que atingiram Chernigiv.

“Isto não teria acontecido se a Ucrânia tivesse recebido equipamentos de defesa antiaérea suficientes e se a determinação do mundo para resistir ao terror da Rússia fosse suficiente”, lamentou no Telegram.

A cidade, que fica em uma região de mesmo nome na fronteira com Belarus, foi ocupada parcialmente no início da invasão russa contra a Ucrânia em 2022, mas não registrou combates violentos nos últimos dois anos, desde a retirada das tropas de Moscou.

A Rússia bombardeia a Ucrânia sem trégua com mísseis e drones explosivos, visando em particular as instalações do setor de energia da ex-república soviética.

O prefeito de Chernigiv, Oleksandr Lomako, afirmou à imprensa oficial que o bombardeio atingiu uma área “muito populosa” da cidade, incluindo um edifício civil.

“Três explosões aconteceram na cidade às 9H03 locais” (4H03 de Brasília), informou o prefeito ao canal de televisão estatal.

O governador da região, Viacheslav Chaus, anunciou que os bombardeios atingiram o centro de Chernigiv.

Chernigiv, uma das cidades mais antigas da Ucrânia, fundada há quase 1.000 anos, fica 145 quilômetros ao norte da capital ucraniana e tinha 285.000 habitantes antes da guerra.

A localidade sofreu danos consideráveis quando os tanques russos avançaram a partir de Belarus para invadir a ex-república soviética em fevereiro de 2022.

– Base russa atacada na Crimeia –

A entrega de ajuda dos aliados ocidentais da Ucrânia está demorando, em particular o apoio dos Estados Unidos, onde um pacote de assistência a Kiev está paralisado há meses no Congresso devido à oposição republicana em um ano eleitoral.

Depois que Israel conseguiu interceptar um grande número de mísseis e drones lançados pelo Irã no fim de semana com o apoio militar dos países ocidentais, a frustração de Zelensky foi exacerbada.

No front sul, blogueiros militares e a imprensa russa informaram que a Ucrânia bombardeou na terça-feira uma base militar em Dzhankoi, na península da Crimeia, território anexado pela Rússia em 2014.

Segundo a conta Rybar, no Telegram, próxima ao Exército russo, 12 mísseis ATACMS entregues pelos Estados Unidos à Ucrânia podem ter atingido o alvo, provocando danos a equipamentos e a um edifício.

Nem a Ucrânia, nem a Rússia comentaram oficialmente os relatos.

O portal russo independente Mediazona e o serviço em idioma russo da BBC informaram que quase 50.000 soldados russos morreram desde o início da invasão de Moscou.

O cálculo, publicado após uma investigação conjunta e concluído em 7 de abril de 2024, é baseado em diversas fontes de informação, como comunicados oficiais de imprensa, notícias publicadas na imprensa e redes sociais ou por visitas a cemitérios.

Os dois países não divulgam números oficiais de baixas desde o início da guerra.

A Ucrânia informou em fevereiro que calculava em 31.000 o número de militares mortos na guerra, mas a Rússia não divulgou nenhum número.