Israel anunciou nesta sexta-feira (30) que matou três combatentes do Hamas na Cisjordânia ocupada, o que eleva a 19 o número de palestinos mortos em três dias de operação militar no território, onde a violência aumentou de maneira paralela à guerra em Gaza.

A operação israelense na Cisjordânia, que começou na quarta-feira, “alimenta uma situação já explosiva” neste território ocupado por Israel desde 1967, advertiu a ONU.

A intervenção inclui bombardeios e incursões de comboios blindados em cidades como Jenin, Nablus, Tubas, Tulkarem, e em dois campos de refugiados.

Segundo o chanceler israelense, Israel Katz, o Exército busca “desmantelar as infraestruturas terroristas iraniano-islamistas” no território palestino, separado da Faixa de Gaza pelo território israelense.

A operação acontece de maneira paralela à guerra contra o Hamas em Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro.

“Muitos palestinos inocentes morreram”, lamentou na quinta-feira a vice-presidente americana e candidata à Casa Branca, Kamala Harris.

Porém, em uma entrevista ao canal CNN, disse que os Estados Unidos continuarão fornecendo armas a Israel, seu aliado, se for eleita presidente em novembro.

Ao menos 19 palestinos morreram na Cisjordânia desde quarta-feira, informaram o Exército israelense e o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina, que administra parcialmente Cisjordânia.

Hamas e Jihad Islâmica anunciaram que ao menos 13 dos mortos eram combatentes de seus braços armados.

Testemunhas relataram nesta sexta-feira à AFP um bombardeio israelense contra um veículo em Zababdeh, ao sudeste da localidade de Jenin.

Um correspondente da AFP informou que fortes explosões foram registradas no campo de refugiados da cidade.

Na quinta-feira, as tropas israelenses se retiraram de outras cidades da Cisjordânia.

– “Somos outra Gaza” –

O Exército israelense anunciou nesta quinta-feira que matou sete combatentes, dois deles em Jenin e cinco “em uma mesquita” no campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem.

Um comunicado militar afirmou que entre os cinco mortos em Tulkarem estava Muhammad Jaber, também conhecido como Abu Shujaa. Segundo o movimento islamista palestino Jihad Islâmica, aliado do Hamas, ele era o comandante do grupo em Nur Shams.

“Qual é a diferença entre Gaza e nós?”, perguntou-se Nayef Alaajmeh no acampamento de refugiados. “Somos outra Gaza”, afirma.

O Clube de Prisioneiros Palestinos afirmou que pelo menos 45 pessoas foram detidas na Cisjordânia desde quarta-feira. Um porta-voz militar israelense anunciou que “10 pessoas foram detidas”.

O Reino Unido disse nesta sexta que está “profundamente preocupado com os métodos usados por Israel” e pelos relatos de civis mortos.

A França denunciou que as operações “agravam o clima de instabilidade e violência inéditos” e a Espanha classificou a situação como “inaceitável”.

Incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, mas é incomum que aconteçam simultaneamente em várias cidades.

A violência aumentou neste território desde 7 de outubro. A ONU anunciou na quarta-feira que pelo menos 637 palestinos morreram na Cisjordânia em ações do Exército israelense ou de colonos desde então.

Ao menos 19 israelenses, incluindo soldados, morreram em ataques palestinos ou em operações do Exército no mesmo período, segundo dados oficiais israelenses.

– “Pausas humanitárias” em Gaza –

Um correspondente da AFP em Gaza relatou bombardeios israelenses no oeste da Cidade de Gaza nesta sexta-feira e uma fonte médica do hospital Nasser, no sul da Faixa, disse que pelo menos três pessoas morreram perto de Khan Yunis.

Os bombardeios israelenses também mataram duas pessoas no campo de refugiados de Jabaliya, no norte, informou a agência de Defesa Civil do território, governado pelo Hamas desde 2007.

O Exército anunciou ter concluído uma operação de um mês no sul e no centro do território, que matou mais de 250 “terroristas”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que Israel aceitou uma “pausa humanitária” de pelo menos três dias em Gaza para a administração de vacinas contra a polio.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu que a medida não equivale a um cessar-fogo.

O ataque do Hamas em 7 de outubro matou 1.199 pessoas, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.

Os milicianos também sequestraram 251 pessoas, das quais 103 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 33 que os militares israelenses declararam mortas.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma vasta ofensiva de represália, que já deixou 40.602 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território.

burs-rsc/kir/dv/sag/meb/fp/aa