Bombardeio contra região etíope do Tigré deixa quatro mortos, entre eles duas crianças

Bombardeio contra região etíope do Tigré deixa quatro mortos, entre eles duas crianças

Ao menos quatro pessoas, duas delas crianças, morreram e nove ficaram feridas nesta sexta-feira (26) em um bombardeio da aviação etíope contra Mekele, capital da região rebelde do Tigré, informou à AFP um responsável do principal hospital da cidade.

O hospital Ayder de Mekele “recebeu 13 pacientes, entre eles quatro morreram ao chegar. Dois mortos são crianças”, disse seu diretor médico, Kibrom Gebreselassie, em mensagem à AFP.

O bombardeio contra a região dissidente setentrional da Etiópia aconteceu dois dias depois da retomada dos combates entre as forças governamentais e os rebeldes da Frente Popular de Libertação de Tigré (TPLF), o que acabou com cinco meses de trégua.

“Um avião (…) lançou bombas em uma zona residencial e um jardim de infância em Mekele”, disse um porta-voz dos rebeldes de Tigré, Kindeya Gebrehiwot, que citou civis mortos e feridos no ataque.

Duas fontes dos serviços humanitários relataram que foram informadas sobre um ataque aéreo em Mekele, sem divulgar detalhes ou balanço.

Pouco depois, o governo federal anunciou que, apesar de sua plena disposição para negociar sem condições com os rebeldes, se preparava para “executar ações direcionadas contra as forças militares (…) contrárias à paz”.

O governo pediu à população de Tigré em um comunicado que “permaneça distante das zonas com equipamento militar e estruturas de treinamento” rebeldes.

O bombardeio representa uma escalada nos combates, uma situação temida pela comunidade internacional, que pretende evitar o retorno de um conflito em larga escala.

Desde quarta-feira, a ONU, a União Europeia (UE), Estados Unidos e outros países pedem o fim das hostilidades e uma resolução pacífica do conflito.

Desde que eclodiu em novembro de 2020, a guerra no norte da Etiópia causou milhares de mortes e deslocou dois milhões de pessoas. Centenas de milhares de etíopes foram levados à beira da fome, segundo a ONU.

A trégua concluída no final de março permitiu a retomada gradual do embarque de ajuda humanitária por estrada para o Tigré, após três meses de suspensão.

Desde o final de junho, o governo etíope e os rebeldes do Tigré reiteraram sua disposição de iniciar negociações de paz, mas continuam a se opor sobre as modalidades a serem cumpridas.

O governo federal quer negociações imediatas sem condições prévias, patrocinadas pela União Africana (UA).

Por sua vez, os rebeldes exigem que a eletricidade, telecomunicações e serviços bancários sejam restaurados primeiro na região e rejeitam a mediação do representante da UA, Olusegun Obasanjo.