Pelo menos 52 pessoas morreram, e mais de 100 ficaram feridas neste sábado (12), em um atentado contra um santuário sufi no Baluchistão, sul do Paquistão, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).

A explosão aconteceu em meio a uma multidão de fiéis, durante uma cerimônia no santuário de Shah Noorani, declarou à AFP o representante do governo local Javed Iqbal.

“Ao menos 52 pessoas morreram, e outras 105 ficaram feridas”, disse o ministro provincial da região do Baluchistão, Sarfraz Bugti, em entrevista coletiva na cidade portuária de Gwadar.

O sufismo é um braço místico do Islã considerado herege por grupos islamitas radicais. Os fiéis dançavam em uma cerimônia tradicional que acontece diariamente antes do crepúsculo.

O EI reivindicou a autoria do ataque, em um comunicado da agência Amaq.

“Trinta e cinco fiéis xiitas mortos e 95 feridos em uma operação de martírio executada por um combatente do EI em um santuário numa cidade do Baluchistão”, informou a agência.

A localidade fica a 760 km da capital provincial, Quetta, motivo pelo qual os socorristas têm dificuldade para chegar à região, montanhosa, com poucas instalações médicas.

Autoridades enviaram reforços de Karachi, localizada a três horas de carro do local da explosão.

O porta-voz do Exército, general Asim Bajwa, disse que os reforços foram enviados, mas que “a dificuldade do terreno e a distância” freiam seu avanço.

Segundo o general Bajwa, 20 ambulâncias e 50 soldados estavam a caminho, assim como outra caravana, de 45 ambulâncias e 100 tropas, transportando unidades médicas.

O presidente do país, Mamnun Hussain, e o primeiro-ministro, Nawaz Sharif, condenaram o atentado.

“O governo está determinado a eliminar do país o terrorismo e o extremismo”, disse Hussain em um comunicado, em que expressou condolências.

O gabinete de Sharif informou que o premier pediu que seja oferecido aos feridos “o melhor tratamento médico possível”.

Zona instável

Em junho passado, o assassinato do famoso cantor sufi Amjad Sabri em Karachi, metrópole do sul do Paquistão, causou uma onda de indignação no país. Ele foi morto por dois homens que estavam em uma moto, e a polícia se referiu ao crime como “ato de terrorismo”.

Fronteiriça com Irã e Afeganistão, a província do Baluchistão é a mais pobre do Paquistão, apesar de sua receita do petróleo e gás e de sua abertura para o Mar da Arábia.

São frequentes no local os conflitos entre comunidades e atos de violência cometidos por islamitas. Desde 2004, atua na região uma rebelião separatista.

A província é uma área-chave para as ambições regionais da China, que deseja concluir um corredor que lhe permita acesso ao Mar da Arábia. A obra requer um investimento de 46 bilhões de dólares e foi alvo de atentados de grupos separatistas.