O Ibovespa deve se ajustar à alta das bolsas em Nova York, que atingiram níveis recordes na sexta-feira – feriado no Brasil -, diante do otimismo sobre um acordo entre Estados Unidos e China. Os ganhos lá fora decorreram de sinais animadores de que os dois países estejam perto de fechar um acordo comercial preliminar. No entanto, há pouco informação de fontes de que o governo chinês estaria pessimista em relação a um acordo com os EUA impõe cautela, sobretudo nos índices futuros norte-americanos, que passaram a cair.

Por aqui, o Ibovespa diminuiu o ritmo de alta. Às 10h59, subia 0,56%, aos 107.152,24 pontos.

A tendência, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM, é que o Ibovespa se ajuste aos índices acionários norte-americanos, que fecharam no campo positivo na sexta-feira. Em seu último pregão, na quinta, o índice Bovespa caiu 0,47%, encerrando aos 106.556,88 pontos.

No fim de semana, autoridades de alto escalão dos dois países tiveram uma conversa telefônica “construtiva” sobre a chamada fase 1 de um acordo bilateral, conforme a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. No entanto, alguma instabilidade não pode ser descartada em razão do vencimento de opções sobre ações, porém o volume de negócios tende a ganhar algum impulso, conforme analistas.

Diante das diversas idas e vindas sobre as negociações comerciais sino-americanas, o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, ressalta que não se deve apostar “cegamente” neste cenário. Em nota, cita as novas medidas de afrouxamento monetário pelo banco chinês para estimular a economia do país, que também podem atrair a atenção dos investidores.

O Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) cortou em cinco pontos-base sua taxa de juros para operações de recompra reversa de sete dias, de 2,55% para 2,5%. A medida marca a primeira redução desta taxa desde outubro de 2015. Também anunciou a injeção de US$ 25,68 bilhões (180 bilhões de yuans) no sistema monetário.

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“Novas medidas de afrouxamento devem vir no curto prazo, após dados na última semana voltarem a apontar desaceleração da atividade China”, estima Campos Neto. Neste sentido, acrescenta que os ganhos das bolsas nova-iorquinas podem ser limitados.

Apesar de o noticiário político continuar desfavorável, Monteiro, da Renascença, observa que isso não deve ter força para contaminar o Ibovespa.

Ele cita como exemplo a informação publicada hoje no jornal O Globo mostrando rejeição dos eleitores em relação ao PSL do presidente Jair Bolsonaro e ante o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme o Ibope, 50% afirmaram que não votariam no PSL enquanto o índice de rejeição ao PT é de 43%.

Embora sinais de melhora da economia sejam um bom contraponto ao quadro político, o economista da Tendências avalia que as dificuldades para avanços na agenda nesta parte final do ano podem esfriar o otimismo dos investidores.

Na pesquisa Focus do Banco Central de hoje, a mediana para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 subiu de 2,08% para 2,17%. “No front das reformas, apenas a PEC paralela tem condições de ser aprovada ainda em 2019, sendo que os demais pontos prioritários tendem a ficar para 2020”, avalia.


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