Quebrando os limites de velocidade, Usain Bolt tornou-se há exatos 10 anos uma lenda viva do atletismo ao correr 100 metros em 9s58, no estádio Olímpico de Berlim, na Alemanha. O recorde do jamaicano, obtido no dia 16 de agosto de 2009, permanece de pé depois de uma década.

“Foi sensacional. Definitivamente, foi a minha melhor prova. Eu pensei que era possível correr abaixo de 9,69 segundos, mas tudo tinha de sair perfeitamente. Acho que o público me deu energia extra”, disse Bolt depois aquela prova histórica.

Nesta sexta-feira, Bolt publicou um vídeo em suas redes sociais para lembrar do fato histórico. Ele aparece em casa, na cidade de Kingston, na Jamaica, fazendo seu café da manhã enquanto assiste o VT da prova em Berlim. Na sequência, pega o carro e vai ao local onde fica a primeira pista de atletismo em que treinou. Uma legenda escrita 9s58 muda para 10 anos para lembrar a data. “Um dos melhores dias da minha vida”, escreveu em seu Instagram.

Em 2009, Bolt começou a prova bem. Após 30 metros, ele já era líder e voou a partir dos 60 metros para parar o relógio em 9 segundos e 58 centésimos. Recorde mundial. O norte-americano Tyson Gay foi o segundo colocado com 9s71.

Após a prova, Bolt foi chamado para posar ao lado do painel com a inscrição “NEW WR 9.58”. Era sua a coroação como homem mais rápido do mundo na prova mais nobre do atletismo.

A sapatilha utilizada por Bolt naquela noite está em uma sala de exposição na sede da Puma, em Herzogenaurach, na Alemanha. Passada uma década, a empresa, patrocinadora de Bolt, fez uma homenagem ao ex-atleta com um retrato do artista suíço David Diehl. A obra se parece com ícones bizantinos, fazendo com que Bolt se assemelhe a um santo.

O homem que pulverizou recordes ao longo dos anos ainda lamenta até hoje somente não ter conseguido correr os 200 metros abaixo dos 19 segundos. Essa prova sempre foi a preferida de Bolt – desde os 15 anos, quando ele conquistou o Mundial Juvenil, realizado em Kingston, e se tornou o mais jovem medalhista de ouro em um campeonato júnior de atletismo.

Mesmo sem ter alcançado o objetivo de correr 200 metros em menos de 19 segundos, Bolt é soberano na prova e detém os recordes olímpico e mundial. Em 2008, cravou 19s30 nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China. Um ano depois, baixou para 19s19 no Mundial de Berlim.

A aposentadoria de Bolt em 2017 abriu uma nova perspectiva no atletismo. Durante mais de uma década, o jamaicano não teve concorrentes que pudessem ao mínimo incomodá-lo. Nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, por exemplo, uma imagem dele ganhou as capas dos jornais do mundo. Na foto, tirada durante a semifinal dos 100 metros, o jamaicano olha para trás e sorri dos seus adversários antes mesmo de cruzar a linha de chegada. Até agora, nenhum velocista ocupou o vácuo que a sua aposentadoria deixou no esporte.

Bolt conseguiu se tornar um mito do esporte com uma carreira totalmente limpa, sem nunca ter se envolvido em casos de doping, o que parece raro nos dias de hoje.