Acreditem, não é piada, mas foi publicado no “Diário Oficial da União” desta quarta-feira, 16, um despacho do ministro da Justiça, Anderson Torres, concedendo a medalha do mérito indigenista ao presidente Jair Bolsonaro. A honraria é concedida àqueles que se destacam por trabalhos que protejam e promovam os povos indígenas brasileiros. Acontece que de amiguinho de índio o condecorado em questão não tem nada. Quem tem um mínimo de informação sabe muito bem que Bolsonaro já disse que “indígena é pobre coitado” e lamentou que o Brasil não tenha dizimado aqueles que por aqui sempre estiveram, os verdadeiros donos dessa terra.

O condecorado, que também já disse que índios em reserva são como animais num zoológico, defende aos quatro ventos a exploração do minério em terras demarcadas e já foi denunciado duas vezes pela Articulação dos Povos Indígenas no Brasil por sua “política anti-indígenista”. Portanto, não é de hoje que Bolsonaro dá sinais do desprezo que sente pelos povos indígenas. Uma das ações do seu governo foi permitir que o agronegócio tomasse conta da Funai, numa clara tentativa de acabar com a política indigenista brasileira prevista na Constituição Federal.

As terras indígenas atualmente estão à mercê da grilagem e do mercado de terras. E praticamente com o aval do governo. Só falta de fato legalizar. Existe uma portaria de restrição de uso – usada em territórios indígenas não demarcados com presença de grupos isolados – que proíbe o avanço de atividades econômicas no território. Dados indicam, porém, que houve um aumento de, pasmem, 27.000% no desmatamento ilegal desde 2019, já na Era Bolsonaro. E fica por isso mesmo.

É difícil de acreditar, mas ando mesmo convencido do que muitos dizem por aí não é de hoje, de que o que esse governo quer mesmo é destruir tudo, estilo terra arrasada. Com os povos indígenas eu tenho a impressão de que ele está quase conseguindo. Se acabar com a terra do índio o índio acaba, eu ouvi dia desses, e a Amazônia vai virar commodities. Se de algum modo acabarem com o Brasil, a gente acaba também. E o Bolsonaro não vai estar nem aí. Afinal, ele já garantiu a sua medalha mesmo. É deboche isso, só pode.