A filiação de Bolsonaro ao PL nesta semana marca o simples retorno do capitão ao seu berço político: o Centrão. Embora tenha sido eleito na onda de um discurso em que criminalizava os integrantes desse bloco, o mandatário nunca deixou de agir como um dos seus membros. Até porque Bolsonaro nada mais é do que o puro extrato do Centrão: fisiológico e que opera no subterrâneo na base do “toma lá, dá cá”.

Ora, não seria para menos. Afinal de contas, Bolsonaro despontou na política como parlamentar do PP, uma das principais legendas dessa corrente fisiológica, que acomodou o capitão por vários anos.

O presidente vendeu um conto de fadas quando se pintava como representante da nova política na campanha de 2018. O mandatário entregou sua alma ao Centrão, hoje dono de praticamente todo o governo, mas sobretudo do caixa. Para Bolsonaro, o cálculo é muito simples: reeleição a qualquer preço.

Por isso, não pensou duas vezes antes de se filiar ao PL, do mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto, tipo de gente também bastante criticada por Bolsonaro em campanhas eleitorais, só para conseguir mais votos.

No fundo, o que importa é que Bolsonaro terá, a partir de agora, um partido para tentar chamar de seu e a estrutura necessária para disputar reeleição que tanto deseja. A dinâmica tende a ser a mesma, irrigada pelo dinheiro do orçamento secreto, que vem sendo usado para comprar votos. Bilhões de reais que só os poderosos têm visto. O brasileiro mesmo segue desmaiando de fome nas filas dos hospitais, por falta de uma política econômica que gere mais empregos e renda.