Jair Bolsonaro voltou ao Brasil nesta quinta-feira, 30, e foi recebido por apoiadores que o aguardavam no Aeroporto Internacional de Brasília. O avião do ex-presidente pousou por volta das 6h40, mas o desembarque só ocorreu bem depois. Para frustração dos bolsonaristas de plantão, ele deixou o local em rota alternativa, seguindo determinação das autoridades de segurança pública do Distrito Federal e da Polícia Federal.

Antes de embarcar, ainda em Orlando, nos Estados Unidos, esquivou-se de responder perguntas mais espinhosas, como sobre as várias investigações em curso contra ele no STF, Supremo Tribunal Federal, e as ações no TSE, Tribunal Superior Eleitoral. Questionado sobre a entrada ilegal de joias sauditas dadas como presente a ele e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-mandatário disse apenas que “nada foi escondido”. De qualquer forma, ele terá que provar à PF, na próxima semana, que, de fato, não cometeu nenhuma ilegalidade ao não declarar os objetos avaliados em R$ 16,5 milhões — parte deles escondidos na fazenda de Nelson Piquet, ex-piloto de Fórmula 1 e cabo eleitoral bolsonarista.

Em outra declaração, desta vez à CNN Brasil, rechaçou que retorna ao País para “liderar a oposição”. Disse que apenas deseja “contribuir” com seu partido e aliados. A fala é um balde de água fria para opositores ao governo Lula (PT), que, apesar de barulhentos, penam com a carência de um ator político capaz de bater de frente com o presidente da República.

Bolsonaro queria voltar quando o petista não estivesse. Lula tinha viagem marcada à China. O ex-presidente desejava capitalizar politicamente com a sua chegada, enquanto o atual mandatário cumpria agenda diplomática para tentar reconstruir laços com o país asiático e reverter o legado do fracasso da diplomacia bolsonarista, que isolou o País do restante do mundo. No entanto, um diagnóstico de pneumonia leve adiou a ida do petista e frustrou os planos do ex-presidente.

Lula não venderá barato a pauta política à Bolsonaro. Por isso, colocou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para se encontrar com parlamentares para apresentar o projeto do governo de novo arcabouço fiscal. O texto recebeu o aval do presidente, que agora volta as atenções para ampliar o apoio à proposta no Parlamento. O petista também intensificou, por meio de lideranças no Congresso, as tratativas por uma conciliação no impasse sobre a tramitação de Medidas Provisórias de sua gestão. Ainda nesta semana, costurou acordo com Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para aprovar mudança na Lei das Estatais, permitindo nomeações de aliados políticos nas empresas públicas