Nada como um dia após o outro. No Sete de Setembro, Bolsonaro foi para o palanque na Avenida Paulista e rugiu como um leão. Amedrontou o País. Pregou o desrespeito às leis, às decisões do STF e até chamou o ministro Alexandre de Moraes de “canalha”. Ameaçou dar um golpe, convocar o “conselho da República” para decretar o Estado de Sítio. Deixou a sociedade em pânico. Mas, depois do susto, todos se mobilizaram e passaram a pedir o impeachment do mandatário. Ninguém aceita mais um retrocesso, uma ruptura institucional, como ele deseja. O ex-capitão viu que estava isolado, só com seus decrépitos seguidores.

Percebeu, então, que não tinha força alguma. Que os atos antidemocráticos que convocou não valeram de nada e que ele saiu mais fraco do que entrou nesse jogo de braço. Tudo não passou de uma bravata. Um sonho de uma noite de verão. Um golpe fracassado. De leão rugindo, transformou-se numa tchutchuca. Um ser inominável. Uma pessoa nefasta para a democracia. Um político tíbio. Um governante incompetente. Um péssimo dirigente. Um militar inapto, já que o combate que ele organizou terminou em derrota. Pelo bem da democracia, Bolsona saiu derrotado.
Nem para reconhecer a derrota, no entanto, ele soube fazer com as próprias pernas. Tomou uma atitude covarde. Precisou de um texto escrito pelo ex-presidente Michel Temer, este sim, um estadista, um político sensato, um pacificador. Foi graças a Temer que Bolsonaro recuou das suas reais intenções de consumar suas fantasias golpistas.

O ex-presidente lhe mostrou que se ele insistisse no caminho que escolheu trilhar, o final seria o impeachment ou a cadeia. E disso o ex-presidente entende melhor do que ninguém, até por ser um brilhante constitucionalista e um jurista de notório saber.

Bolsonaro, então, pediu desculpas à Nação e, sobretudo, a Alexandre de Moraes, que, hoje, é o ministro mais respeitado da Corte, principalmente por suas decisões equilibradas e que estão sustentando o Estado de Direito e o regime democrático. Vamos esperar agora, portanto, que Bolsonaro cumpra o que escreveu em sua carta à Nação e respeite pelo menos, a Constituição. Independentemente desse arrependimento, os brasileiros de boa fé devem insistir no propósito de trabalhar pelo impeachment. Afinal, a genética golpista do ex-capitão permanece intacta. Talvez, porém, a frase que mais marcou essa mudança radical de comportamento do presidente tenha partido do governador de São Paulo, João Doria: “O leão virou um rato”.