O presidente Jair Bolsonaro embarcou nesta sexta-feira (30/12) em um voo para os Estados Unidos, onde irá passar o Ano Novo e evitará assim passar a faixa presidencial ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de posse que ocorre em 1º de janeiro.

Como ainda não terminou o mandato, o presidente viajou para a Flórida no Airbus presidencial, tendo Orlando como destino. Ele foi acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da filha Laura, de 12 anos, e deve ficar pelo menos um mês nos Estados Unidos.

Uma portaria publicada na edição desta sexta-feira do Diário Oficial da União autorizou o afastamento do país de servidores que farão a sua segurança na viagem de 1º a 30 de janeiro.

Uma equipe de cinco assessores deve apoiar o “futuro ex-presidente” nesse período. Quatro deles já haviam sido nomeados para assessorar Bolsonaro após ele deixar o Planalto, na cota que os ex-presidentes têm direito.

Uma outra equipe de assessores já havia chegado à Flórida na quarta-feira para preparar a recepção do presidente.

Segundo a emissora CNN Brasil, aliados de Bolsonaro disseram que ele pode se hospedar no resort do ex-presidente americano Donald Trump em Palm Beach ou ainda na casa de amigos em Orlando.

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Ausência na posse de Lula

Com a viagem, Bolsonaro arrumou um pretexto para não participar da cerimônia de posse de seu sucessor. A passagem da faixa presidencial é uma tradição centenária no país. O ato foi implementado em 1910 e simboliza a transferência de poder.

Além de Fernando Henrique Cardoso e do próprio Lula, Bolsonaro seria o terceiro presidente desde a Constituição de 1988 a concluir o mandato e passar a faixa para o sucessor eleito. Fernando Collor de Mello e Dilma Roussef sofreram impeachment e não concluíram seus mandatos. Já os vices Itamar Franco e Michel Temer não receberam a faixa.

A Constituição não determina a participação do presidente em exercício na cerimônia de posse de seu sucessor ou no ato simbólico de passar a faixa. A posse oficial ocorre numa sessão solene no Congresso Nacional, na qual o mandatário eleito presta um juramento.

Live de despedida

Após a derrota para Lula no segundo turno, Bolsonaro permaneceu recluso no Palácio do Alvorada por cerca de dois meses, limitando-se a fazer um pronunciamento vago no dia 1 de novembro e uma live no dia seguinte em que pediu para que apoiadores desbloqueassem rodovias.

Nesta sexta-feira, o presidente reapareceu em uma última transmissão ao vivo no exercício do cargo, no qual tentou se desvincular da violência cometida por apoiadores, notadamente a tentativa de atentado terrorista planejada por um bolsonarista em Brasília na véspera de Natal.

Bolsonaro tentou se pintar como perseguido, direcionou elogios ao seu próprio desempenho na Presidência e fez críticas a Lula. Ele voltou ainda a direcionar críticas à Justiça Eleitoral, mas evitou afirmar diretamente que teria sido vítima de fraude, adotando um discurso um pouco menos incendiário que o habitual.

“Não tem tudo ou nada. Inteligência. Vamos mostrar que somos diferentes”, disse o presidente de extrema direita. Ele pediu a seus apoiadores que não deixem de fazer oposição ao próximo governo. “O quadro que nós temos à frente agora, a partir de 1º de janeiro, não é bom. Não é por isso que a gente vai jogar a toalha, deixar de fazer oposição, deixar de criticar. Deixar de conversar com os seus vizinhos, agora com muito mais propriedade, com muito mais conhecimento”, disse.

Bolsonaro foi o primeiro presidente no poder a perder a reeleição desde que regra entrou em vigor, em 1998.

cn/bl (ots)



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