Não há na história do Brasil um presidente da República tão despreparado como Jair Bolsonaro. Desconhece os assuntos mais comezinhos da administração pública. Passou, sem deixar registros, por trinta anos de vida parlamentar. Nos últimos vinte e oito anos foi deputado federal e conseguiu um feito: não relatou nenhum projeto apresentado por seus pares, um claro sinal de que era considerado um inepto. Como um homem coerente, manteve no Palácio do Planalto o mesmo comportamento. Ele não consegue tratar de qualquer projeto de governo. Resume suas considerações a frases curtas que, ao invés de representar uma capacidade exemplar de síntese, são as mais perfeitas traduções da sua incapacidade para o exercício de principal dirigente do Executivo Federal. Isto poderia ser até relevado se o país estivesse caminhando bem tanto na saúde, educação, economia. Infelizmente não é o caso.
O Brasil vive a mais grave crise econômica da história republicana, a pandemia mais implacável dos últimos cem anos e, para agravar ainda mais este quadro, em um cenário internacional afetado pela tormenta que atingiu a economia mundial, que só pode encontrar paralelo com a débâcle de 1929. Mas como estamos em um momento sombrio da vida nacional, o quadro é ainda mais complexo, pois a estrutura de Estado brasileiro — a máquina pública – não consegue funcionar sem que seja impulsionada pelas diretrizes provenientes dos escalões superiores e estes estão ocupados por ineptos à imagem e semelhança de Bolsonaro, mesmo quando alguns obtiveram uma formação profissional superior a do capitão. Basta acompanhar a ação administrativa desastrosa dos militares nos cargos civis. E são mais de seis mil. O caso mais dramático é o do ministro da Saúde.

A cada dia as notícias são mais preocupantes. O PIB por habitante deve cair 7% neste ano. Desta forma, o padrão de vida dos brasileiros, em média, voltará ao de 2008. No campo econômico o panorama é crítico. Estamos encerrando uma década perdida em termos de desenvolvimento. E a próxima deve reservar o primeiro lustro forjando as bases para a recuperação que só deverá apresentar sinais positivos em 2025. E sem crescimento econômico o país
não vai conseguir enfrentar os graves problemas sociais. O mais estranho disso tudo é a absoluta indiferença das elites — ao menos até o momento — frente ao maior desastre da história do Brasil contemporâneo. Os mais abastados estão esperando de Bolsonaro o que ele não pode dar: estabilidade política, liderança e capacidade de gestão. Até quando?

O PIB por habitante deve cair 7% neste ano. Dessa forma o padrão de vida dos brasileiros, em média, voltará ao de 2008


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