“Bolsonaro tem mostrado uma postura adolescente frente à pandemia”, diz Janaína Paschoal em live da IstoÉ

“Bolsonaro tem mostrado uma postura adolescente frente à pandemia”, diz Janaína Paschoal em live da IstoÉ

Janaina Paschoal (PSL-SP) é a deputada mais votada, em níveis estadual e federal, na história do país, com 2 milhões de votos na eleições de 2018. Nesta sexta-feira (7), ela foi a entrevistada da live de Istoé pelo jornalista e diretor de redação da revista, Germano de Oliveira.

Na conversa, a parlamentar disse que não aceita a tese que foi eleita na esteira de Bolsonaro, aliás, afirma que nunca se apresentou como bolsonarista.

“Nunca utilizei o nome do presidente para nada. O presidente se elegeu graças ao seu trabalho”, afirmou. 

Para ela, ao contrário do que boa parte da própria base eleitoral da direita tem dito sobre a deserção do grupo bolsonarista, a deputada, agora, depois de ter pedido a renúncia de Bolsonaro, diz que não rompeu com o presidente.

“A política do governo Bolsonaro está correta, porém não me agrada a postura pessoal do presidente diante da crise do Covid-19. O presidente tem se apresentado com uma postura de adolescente frente à pandemia”, disse.

A parlamentar diz ainda que, os valores à direita propagados pelo presidente da República seguem com ela. E, numa direção diagonalmente oposta do que pregava em março quando falou que Bolsonaro andava “fazendo muita loucura, muita desorganização” e chegou a questionar “como o povo vai aguentar isso por mais dois anos?”.

Atualmente, sem críticas políticas contundentes ao presidente, Janaína revela que se fosse hoje, não pediria a Bolsonaro para renunciar ao cargo.

“Bolsonaro é muito emotivo. Tenho uma divergência saudável, mas não rompi com presidente Eu segui fazendo o que eu sempre fiz sendo fiel às minhas convicções”, afirma. 

Na fase radical de direita, há cinco meses, ela avaliava que via com clareza que Bolsonaro ficava apegado aos filhos, ao radicalismo de alguns apoiadores e numa “coisa doente com Olavo de Carvalho.” Da época dos tons críticos, a deputada, na entrevista à Istoé, ainda mantém a avaliação sobre o guru do bolsonarismo e diz que apesar de ser agressivo,  “Olavo de Carvalho tem uma obra respeitável, consciente”. Porém, diz ela, que ele acabou traindo a própria obra. “Olavo criou em torno dele uma coletividade imbecil. Fico muito incomodada com a agressividade dos apoiadores-raiz do presidente. O Bolsonarismo tem uma visão limitada”, avalia. 

Filiada ao Partido Social Liberal (PSL), ela é professora licenciada da Universidade de São Paulo (USP) e advogada. A parlamentar foi uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, junto com Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, e participou ativamente na tramitação do processo na Câmara dos Deputados e no Senado.

 A deputada estadual não vê riscos à democracia diante dos ataques que as instituições vem sofrendo, não vê razões jurídicas para o impeachment de Bolsonaro nem no Congresso brasileiro. Mas diz que está muito preocupada “como os arroubos dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

“O mesmo Supremo, que alguns anos atrás garantiu o direito de fazer a Marcha da Maconha, agora, entende serem antidemocráticas as manifestações com cartazes de fechamento do Congresso. Esse movimento do Supremo abre um precedente péssimo para democracia. Gosto muito dessa ideia da Liberdade, do livre trânsito de ideias”, conclui.