O presidente Jair Bolsonaro será um dos principais protagonistas do fórum econômico mundial de Davos deste ano, onde promete apresentar “um Brasil diferente” na ausência de grandes líderes como Donald Trump, Theresa May e Emmanuel Macron, imersos em suas próprias crises internas.

“Estou confiante e feliz com essa grande oportunidade de apresentar a líderes do mundo todo um Brasil diferente”, afirmou o presidente no Twitter nesta semana.

Bolsonaro, que realiza sua primeira viagem ao exterior como presidente, irá à luxuosa estação de esqui suíça, onde a elite econômica e política mundial se reúne anualmente, acompanhado entre outros de seu ministro da Economia, o liberal Paulo Guedes, e do ministro da Justiça, Sérgio Moro.

“A trajetória de Bolsonaro não sugere que seja um defensor fervoroso da cooperação transnacional promovida pelo Fórum Econômico Mundial”, afirma o presidente da International Capital Strategies em Washington.

Os olhares estarão atentos para o discurso que dará na terça-feira diante do fórum, que reúne 3.000 empresários e líderes políticos.

Além de seu projeto para a maior economia da América Latina, Bolsonaro também preocupa por suas posições céticas acerca do clima e particularmente pela gestão da Amazônia.

Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial publicada nesta semana revela que a mudança climática é a principal preocupação dos participantes, não apenas por suas consequências no planeta, mas também em setores como a logística e os transportes.

“A agenda de Davos trata apenas da mudança climática como um tema entre outros. A elite de Davos ainda acredita que temos tempo para resolver a crise climática, mas não temos” disse a diretora-executiva do Greenpeace International, Jennifer Morgan.

A crise na Venezuela, onde Bolsonaro pediu nesta semana para ser feito tudo que for possível para restaurar a democracia, também estará presente, com um seminário específico.

Entre os latino-americanos, também estarão presente os presidentes da Colômbia, do Equador, do Peru, do Paraguai e da Costa Rica. Mas o novo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não irá.

– Sem Trump nem May –

Mas este ano será marcado principalmente pelas ausências, como a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que cancelou sua visita devido à paralisação parcial do governo americano em sua batalha para forçar o Congresso a financiar um muro na fronteira com o México.

Não haverá sequer uma delegação dos EUA em Davos, onde estavam previstas as visitados do secretário de Estado, Mike Pompeo, e e do Tesouro, Steven Mnuchin.

Outra ausência notável será a da primeira-ministra Theresa May, em meio à incerteza sobre o Brexit, uma questão que diz respeito a grandes empresas, que temem uma saída sem o acordo da União Europeia, prevista para 29 de março.

Tampouco irá o presidente francês Emmanuel Macron, que enfrenta os protestos dos “coletes amarelos”.

O programa oficial cobre desde a poluição com plástico até a como alcançar a felicidade, incluindo inteligência artificial e o papel das mulheres nas empresas.

Mas Davos ainda é basicamente um ponto de encontro de elite, com seus hotéis, salões de luxo e festas onde importantes negócios são fechadas.

– Preocupação com a China –

No setor econômico, Davos estará atento aos dados de crescimento da China, que devem ser baixos.

Na segunda, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicará suas previsões para a economia mundial, no mesmo dia em que a ONG Oxfam publica seu informe anual sobre as desigualdades.

“A globalização cria vencedores e perdedores. Agora, temos que nos ocupar dos perdedores”, admitiu o fundador do Fórum, o economista alemão Klaus Schwab, de 80 anos.

Este discurso não convence os opositores desta reunião – alguns dos quais obtiveram autorização para se manifestar na quinta-feira na estação de esqui, sob medidas de segurança rigorosas.