E lá se vai o mito de araque voltar atrás no que disse. Dessa vez o causo tem a ver com a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, estupidamente adjetivada pelo presidente de “vacina chinesa do Doria”. Bolsonaro é tão limitado, mas tão limitado, que nem zoar seus desafetos ele consegue. Alô, marido da Micheque, digo Michelle: aprenda com o papai aqui! Vá lendo meus textos na IstoÉ que um dia cê chega lá, hehe. Aliás, pelo que fiquei sabendo, essa coluna aqui já fez parte de alguns “clippings” do Planalto. É nóis!
O valentão do Facebook, outro dia, numa daquelas “lives” que mais parecem programa mexicano de humor que não deu certo, avisou o governador de São Paulo que não iria comprar a vacina do Instituto Butantan, e que João Doria teria de arrumar dinheiro com outro. Bem, por partes: não se fala assim com o chefe do executivo do maior estado do País, que, sozinho, responde por mais de ⅓ do pibinho do Paulo Guedes (vixe! Hoje sobrou até para o ex-posto Ipiranga. E eu gosto dele, tadinho. Mas com dólar a R$ 6 e crescimento a – 7%, tá osso defender o PG).
Continuando: o dinheiro a que o amigão de décadas do miliciano Queiroz se refere não é dele; é do País! E há um troço chamado “Orçamento”, que prevê despesas obrigatórias, inclusive com saúde. Um outro troço chamado “Constituição” diz, em seu artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Entendeu ou quer que eu desenhe, hein, papai do maior vendedor de panetones em dinheiro vivo do mundo?
A China é simplesmente a segunda potência econômica do planeta. É o nosso maior parceiro comercial. O Instituto Butantan é um dos mais renomados e prestigiados laboratórios do mundo. Quase 80% de todas as nossas vacinas são produzidas por lá. A Anvisa é um órgão sério e igualmente respeitado. Tudo caminhando bem como está, tão logo o Butantan receba o imunizante e a Anvisa o certifique, está para nascer o Jair Bolsonaro que impeça – ou que “não compre” – a produção e distribuição da droga por todo o País. Por isso o presidente sem-palavra já começou a dizer por aí que irá, sim, comprar a vacina. E por que não iria, afinal?
O Capitão Cloroquina não irá confessar nunca, mas no fundo, no fundo, reza uma “Ave Maria” todos os dias para os chineses e um “Pai Nosso” para o estado de São Paulo. Sem estes dois gigantes nossa economia entraria em colapso total e faria a recessão da estoquista de vento parecer crescimento chinês. Amor e ódio caminham juntos. Inveja e incompetência, também. Bolsonaro é um invejoso incompetente que depende da dupla China & SP. Saia do armário, mito! Seja justo e humilde e admita: “Doria, eu preciso de ti”. “China, eu não vivo sem você”. Afinal, até as emas do Alvorada já sabem disso.