Bolsonaro se indispõe com Argentina e Uruguai por eleições

BUENOS AIRES, 31 OUT (ANSA) – As tentativas do presidente Jair Bolsonaro de influenciar nos processos eleitorais na Argentina e no Uruguai provocaram indisposições com os governos dos dois países, ambos parceiros do Brasil no Mercosul.   

No primeiro caso, Bolsonaro disse que a Argentina “escolheu mal” ao eleger Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como vice, para presidente da República. Além disso, acusou o candidato vencedor de fazer uma “afronta à democracia brasileira” ao pedir a libertação de Lula.   

Seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, ainda postou uma imagem no Twitter ironizando Estanislao Fernández, filho drag queen do presidente eleito da Argentina.   

O ministro das Relações Exteriores do governo de Mauricio Macri, Jorge Faurie, disse ter enviado uma carta “pessoal” ao embaixador brasileiro em Buenos Aires, Sergio Danese, para protestar contra a postura da família Bolsonaro.   

“Defendo os interesses da Argentina, acima das posições políticas, ideológicas ou pessoais”, declarou o chanceler, que pediu “maior prudência” e disse que “não se deve discriminar ninguém”.   

Uruguai – Já sobre o Uruguai, Bolsonaro afirmou no último fim de semana que torcia por uma vitória do conservador Lacalle Pou nas eleições. O candidato disputará o segundo turno com Daniel Martínez, da coalizão de esquerda Frente Ampla.   

Pou, no entanto, afirmou nesta quarta (30) que um governante não deve opinar sobre “o que pode acontecer em outro país”. “O Uruguai, por sorte, não decide com base no que os brasileiros pensam”, acrescentou o candidato, tomando distância do presidente do Brasil.   

Além disso, o governo uruguaio convocou o embaixador brasileiro em Montevidéu, Antonio José Ferreira Simões, a explicar o apoio de Bolsonaro a Pou. (ANSA)