Manifestantes se reúnem neste domingo, 29, na Avenida Paulista, em São Paulo, para ato em defesa do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). A concentração ocorre em frente ao Masp, até o momento com público menor do que o do ato de 6 de abril no mesmo local, que reuniu 44,9 mil pessoas.
O esforço para manter a militância mobilizada ocorre em meio ao avanço das ações referentes ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) dos atos golpistas de 2023 e da trama golpista do ano anterior que pode condenar o ex-presidente e aliados.
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O mote da manifestação, que tem como principal articulador o pastor Silas Malafaia, é “Justiça já!”, numa tentativa de pressionar o STF, que julga o ex-presidente e outros membros da cúpula de seu governo pela tentativa de golpe de Estado em 2022.
Mais uma vez, bandeiras do Brasil se unem às dos Estados Unidos e de Israel na manifestação.
Em uma das faixas próximas ao carro de som, lê-se “Bolsotrump” e “Trumponaro”. Em outra, com uma caricatura de Eduardo Bolsonaro, consta os dizeres: “Edu, nós o apoiamos” e “Donald Trump, thank you very much”.
As manifestações apoiam a tentativa do deputado federal licenciado em conseguir sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes por parte de autoridades norte-americanas.
Há ainda cartazes com críticas ao sistema eletrônico de votação, com a frase “Democracia só com contagem pública dos votos”.
Com o mote “Justiça Já!” – mais genérico do que o de protestos anteriores -, nem mesmo os organizadores chegaram a um consenso sobre qual será o foco principal da manifestação.
Malafaia adiantou que cada orador falaria de um tema distinto. “Cada um terá espaço para falar a bandeira que quiser”, diz.
Já outro organizador, ouvido reservadamente, diz que o objetivo central é evitar que o projeto de lei da anistia perca fôlego – apesar do ceticismo crescente dentro do próprio bolsonarismo sobre as chances de avanço da pauta no Congresso.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) conversou com a imprensa antes do início do ato e disse que a manifestação pede “não perseguição” a parlamentares da direita e a Bolsonaro.
Já o vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo de Mello Araújo disse que representava o prefeito Ricardo Nunes, que está em viagem oficial a Roma. À imprensa, ele defendeu que os atos golpistas de 8 de Janeiro não foram um golpe, e sim “depredação de patrimônio público”.
Ele ainda afirmou que quer Bolsonaro candidato a presidente em 2026, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), concorrendo à reeleição.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por sua vez, manifestou-se sobre sua entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em que disse que um candidato apoiado pelo ex-presidente em 2026 deve brigar com o STF pelo indulto aos golpistas, se necessário, incluindo até “o uso da força”.
Ao Estadão, Flávio afirmou que “não é algo que eu defendia, ou que eu trabalharia a favor disso”. “Foi uma análise de cenário que pode acabar acontecendo se o próprio Supremo não reverter essas bizarrices jurídicas capitaneadas por Alexandre de Moraes.”
O senador se refere ao julgamento de Bolsonaro e de outros membros de sua cúpula de governo pelo ministro do STF, sob a acusação de tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Durante interrogatório no dia 10 de junho, o ex-presidente admitiu ter mostrado uma minuta ao então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, mas negou ter tentado golpe de Estado. Assumiu também ter recebido sugestões para decretar estado de sítio no País.