Depois de fugir covardemente do País, no final do ano passado, tremendo de medo da prisão; depois de se omitir vergonhosamente na defesa de seus seguidores, centenas deles presos em Brasília; depois de posar como cordeirinho, às vésperas de seu julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro, o ex-verdugo do Planalto, retoma, pouco a pouco, a prática odiosa que elevou a temperatura política às alturas, culminando no infame 8 de janeiro.

Suas últimas declarações públicas, eivadas de ignorância e mentiras – o que é normal para ele -, tornaram se extremamente agressivas e belicosas outra vez, partindo para cima do presidente Lula com ofensas e palavrões, num dialeto próprio de botequim decadente, algo que não víamos já há alguns meses. O devoto da cloroquina, ao que parece, mais tranquilo em relação à cadeia (em curto prazo) e incentivado pela claque extremista, seguirá na linha do “tudo ou nada”.

Nesta semana, durante um ato político qualquer, o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro vivo, chamou Lula de analfabeto e “jumento”. Em que pese o presidente não ser um primor em Português (algo que o próprio Bolsonaro se encontra longe, aliás), e ainda que o simpático animal orelhudo, abundante nas regiões norte e nordeste do Brasil, não seja um adjetivo, digamos, hediondo, a fala desnuda o orador.

Na impossibilidade de poder criticar o atual governo – ao menos até agora -, já que os resultados positivos são mais do que aparentes (câmbio, bolsa, risco-país, arcabouço fiscal, reforma tributária etc.), e na já conhecida incapacidade de produção de boas ideias e projetos para o País, ao maníaco do tratamento precoce resta a prática de suas únicas habilidades, o ódio e a ofensa. Seria uma bela oportunidade para Lula manter-se calado e ignorar o ofensor, mas o chefão petista preferiu o contrário. Afinal, um precisa do outro para sobreviver.