O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (22) que tem “confiança absoluta” em Paulo Guedes, seu ministro da Economia, para implementar um aumento da assistência social sem riscos para a economia, em meio ao nervosismo do mercado devido ao crescimento dos gastos.

O presidente ratificou o ministro, que segundo analistas cedeu a uma iniciativa de cunho eleitoral, após quatro pedidos de demissão em seu entorno na quinta-feira, entre eles os do secretário especial do Tesouro e Orçamento e do secretário do Tesouro Nacional.

“Tenho confiança absoluta nele”, afirmou Bolsonaro em coletiva de imprensa na sede do Ministério da Economia com Guedes, que negou rumores de renúncia.

A crise foi desencadeada depois que o presidente lançou sua iniciativa de elevar para 400 reais até o final de 2022 o valor do programa Auxilio Brasil, sucessor do Bolsa Família, criado pelo governo do ex-presidente Lula há quase duas décadas.

A proposta, a um ano das eleições presidenciais, causou mal estar no Ministério da Economia, já que a manobra atropelaria a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impõe um teto aos gastos públicos. Também provocou tensão esta semana na B3, a bolsa de valores de São Paulo, e fez o dólar disparar.

O valor médio recebido pelos beneficiários do programa social, que deve ser ampliado a quase 17 milhões de pessoas, é atualmente de 192 reais por mês. Elevá-lo para 400 reais “tem responsabilidade”, alegou Bolsonaro.

“Não faremos nenhuma aventura, não queremos colocar em risco nada no tocante à economia”, acrescentou.

Outro benefício anunciado pelo presidente esta semana é uma “ajuda” para cerca de 750 mil caminhoneiros, como compensação pelo aumento do preço do diesel.

Guedes defendeu o projeto, atualmente nas mãos do Congresso, que inclui no orçamento para 2022 os fundos necessários para cobrir os programas sociais.

Isso, disse o economista, “não altera os fundamentos fiscais da economia brasileira”, embora exija mais recursos. O excedente acima do teto de gastos gira em torno de 30 bilhões de reais.

“Precisamos gastar um pouco mais”, declarou ele. “Preferimos ajuste fiscal um pouco menos intenso e abraço social um pouco mais longo.”

Assim, o governo tentou acalmar o mercado. O Ibovespa caiu 2,75% na quinta-feira, despencou até 4% nesta sexta-feira, até se recuperar para -1,34%. Enquanto isso, o dólar fechou em R$ 5,71, valor máximo desde o fim de março.