Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar nesta quarta-feira a eficácia das vacinas contra Covid-19 e chegou a dizer, erroneamente, que elas estariam em fase experimental.

As vacinas que já estão sendo aplicadas no Brasil foram autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em caráter definitivo –caso da Pfizer e da AstraZeneca– ou de forma emergencial –como a CoronaVac.

Todas elas passaram por avaliações do órgão regulador que comprovaram a sua eficácia, qualidade e segurança, após testes clínicos com milhares de pessoas.

O comentário do presidente foi feito durante um Culto Interdenominacional das Igrejas de Anápolis, em Goiás, na presença de fiéis e políticos. Na ocasião, ele voltou a defender enfaticamente uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra Covid-19.

“E eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em estado experimental ainda? Está experimental”, disse.

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Além de questionar a eficácia das vacinas e defender o uso da cloroquina, o presidente queixou-se novamente das medidas de restrição de circulação de pessoas e fechamento temporário de atividades.

ELEIÇÃO DE 2018

Mais uma vez sem apresentar provas, o presidente repetiu que tem “provas materiais” de que houve fraude em sua vitória eleitoral na eleição de 2018 e que, por essa razão, não foi eleito na ocasião já no primeiro turno.

“Eu fui eleito no primeiro turno. Eu tenho provas materiais disso, mas o sistema, a fraude que existiu sim, me jogou para o segundo turno”, disse.

“Outras coisas aconteceram e eu só acabei ganhando porque tive muito voto e algumas poucas pessoas que entendiam de como evitar ou inibir que houvesse a fraude naquele momento”, emendou ele.

A declaração do presidente é mais uma na qual ele disse ter havido fraude na disputa eleitoral.

Em março de 2020, o presidente já havia dito que houve “fraude” na apuração dos votos do pleito presidencial do qual saiu vitorioso. Afirmou na ocasião que iria mostrar provas “brevemente”.

“Eu acredito que, pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude. E nós temos não apenas palavra, nós temos comprovado, brevemente eu quero mostrar”, disse o presidente em 9 de março, durante encontro com a comunidade brasileira em Miami, nos Estados Unidos.

Contudo, desde então, Bolsonaro nunca apresentou qualquer tipo de evidências, mesmo tendo sido instado por ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente tem defendido a adoção do voto eletrônico com a impressão de cédula para as eleições de 2022, da qual deverá concorrer à reeleição, a fim de evitar fraudes. Especialistas, entretanto, dizem não ser necessário diante da confiabilidade da do sistema de votação brasileiro, que adota urnas eletrônicas há mais de 20 anos.

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