Se o Rei Juan Carlos, da Espanha, estivesse na abertura da reunião anual das Nações Unidas nesta terça-feira, 21, em Nova York, teria dito a Jair Bolsonaro: “Por que não te calas?”, repetindo a frase que disse, em 2007, ao então presidente venezuelano, Hugo Chávez. Afinal, o presidente brasileiro usou o seu discurso de hoje na ONU para apresentar um rosário de mentiras e posições criminosas, como a defesa do tratamento precoce contra a Covid, que implica no uso da cloroquina e outros medicamentos ineficazes para o combate à doença. Uma vergonha internacional. Repulsivo.

As mentiras de Bolsonaro começaram quando ele disse que o Brasil corria o risco de virar um país socialista ou comunista. Nunca corremos esse risco. O Brasil tem demonstrado, desde 1988, com a nova Constituição, um País democrático, muito embora o atual presidente tenha tentado dar um golpe e nos levar para um militarismo tacanho ou um governo tocado por milicianos liderados por ele.

Disse ainda que ele recuperou a credibilidade internacional do País. Mentira deslavada. Basta ver que ninguém no mundo o ouve mais, por sua postura isolacionista e negacionista, além de sua postura deliberada de adotar uma política voltada para a destruição das nossas florestas, especialmente a amazônica, para implantar projetos nefastos de ocupação da região com uma agricultura rudimentar. Bolsonaro é um pária internacional e nesta segunda-feira ficou clara a sua posição de desrespeito no cenário internacional, ao passar um grande vexame no encontro com o primeiro-ministro Boris Johnson que lhe passou uma reprimenda pública por ele não ter se vacinado contra a Covid. Foi humilhante.

Bolsonaro não teve vergonha na cara ao dizer que o Brasil estava preservando a floresta amazônica quando se sabe que o Inpe registra, mês após mês, a devastação ambiental na região. Mais uma vez, mentiu descaradamente. Falou inverdades também sobre as demandas indígenas, ao dizer que a comunidade quer explorar suas terras, quando sabemos que eles lutam para a demarcação de suas propriedades, que estão sendo tomadas por latifundiários, mineradores e exploradores de suas riquezas.

Mentira maior ele disse ao afirmar que o Brasil conseguiu sucesso no controle da pandemia. Ora, estamos perto de 600 mil mortes por Covid e mais de 21 milhões de infectados. Somos o País com o maior número de casos em todo o mundo, proporcionalmente. E, pior, disse que conseguiu manter o equilíbrio entre o combate ao vírus e ao desemprego, com a implantação do Auxílio Emergencial, com a destinação de US$ 40 bilhões para os mais pobres. Sabemos que essa ajuda só foi possível graças à mobilização do Congresso, pois se dependesse de Bolsonaro os pagamentos não teriam passado de uma “esmola” para a população carente.

Mentiu também quando disse que a população o apoia e que no último dia Sete de Setembro se realizou no País a maior movimentação da história para defender a democracia. Na verdade, ele convocou esse ato para dar um golpe e só não conseguiu o retrocesso porque a maioria da população não aceita uma volta ao passado. Teve que pedir desculpas à Nação dois dias depois e precisou colocar o rabinho entre as pernas, após perceber que a sociedade estava comprometida com a manutenção das instituições democráticas. Portanto, o presidente brasileiro teve sorte não contar com um Rei Juan Carlos na platéia. De qualquer forma, digamos nós: “Por que não te calas, Bolsonaro?”

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