Quando os jornalistas lhe perguntaram hoje cedo na porta do Palácio do Alvorada, onde mora, o que ele achava da expulsão do deputado Alexandre Frota do PSL, o presidente Jair Bolsonaro saiu-se com mais uma de suas sandices: “Sei nem quem é esse”, respondeu com desdém. Ora, só para avivar a memória do presidente. Frota foi vice-líder do governo na Câmara durante a aprovação da Reforma da Previdência, que foi, simplesmente, a maior vitória de seu governo até aqui. Graças ao trabalho de Frota, Bolsonaro pode comemorar a aprovação recorde da reforma, com 370 votos favoráveis.

Além disso, Frota foi eleito com 155 mil votos e foi um dos principais aliados de Bolsonaro em São Paulo durante a campanha eleitoral do ano passado. Portanto, o presidente não pode alegar perda de memória sobre um parlamentar tão importante para o bolsonarismo. A não ser que o presidente tenha, agora, memória seletiva: só se lembra do que deseja se lembrar. Ou seja, é aquela velha máxima: o que é ruim a gente esconde. No caso, o que é ruim a gente esquece. Neste caso de Frota e em outros, o presidente precisa, no mínimo, tomar “memoriol”, para não esquecer de assuntos importante para seu governo. Em tempo presidente: não esqueça que a Reforma da Previdência ainda precisa passar no Senado e não vá dar prioridade à condução de seu filho para o cargo de embaixador em Washington, deixando a Reforma da Previdência em segundo plano.