Bolsonaro pediu para falsificar cartão de vacinação contra Covid-19, diz Cid

Valter Campanato/Agência Brasil
Ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em sua delação premiada que o ex-mandatário pediu para falsificar o cartão de vacinação contra Covid-19.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo do documento na manhã desta quarta-feira, 19. A delação foi utilizada para embasar as investigações e a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro, apontado como líder da organização que arquitetou um golpe de Estado.

De acordo com o documento, o então presidente Jair Bolsonaro deu ordens para que fossem feitos comprovantes de vacinação para ele e sua filha, Laura Bolsonaro, após tomar conhecimento de que “o colaborador possuía os cartões de vacina para si e sua família”.

Na sequência, Mauro Cid solicitou a inserção de dados no sistema ConecteSUS de sua esposa, filhas, do ex-presidente e de Laura Bolsonaro.

“O colaborador imprimiu os certificados de vacina e entregou em mãos para o ex-presidente Jair Bolsonaro”, completou o documento.

Relembre o caso

O relatório da Polícia Federal, que indiciou o ex-presidente e outras 16 pessoas por crimes ligados à falsificação do certificado de vacinação para Covid-19, apontou que Mauro Cid inseriu informações falsas no sistema do Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar a entrada e saída nos Estados Unidos, burlando assim as normas sanitárias estabelecidas pelo país ao Brasil.

Bolsonaro embarcou para os EUA com a família e auxiliares no dia 30 de dezembro de 2022, depois de ter sido derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições daquele ano. No relatório, a corporação fez uma relação da falsificação do cartão de vacina com a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por bolsonaristas.

O ex-presidente sempre negou que tenha tomado vacina para Covid-19. “Não existe adulteração da minha parte, não existe. Eu não tomei a vacina, ponto final”, disse Bolsonaro a jornalista, em 2023, quando comentou sobre as investigações.