SÃO PAULO, 22 ABR (ANSA) – O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, discursou nesta quinta-feira (22) durante a cúpula do clima convocada por seu homólogo norte-americano Joe Biden e defendeu o desenvolvimento da Amazônia – além de pedir apoio financeiro internacional para ações do meio ambiente.   

A fala do líder brasileiro, porém, não foi acompanhada por Biden, que havia anunciado que estava saindo da sala na Casa Branca por motivos pessoais pouco antes do discurso da Argentina e da Arábia Saudita, antes do Brasil.   

Bolsonaro abriu o discurso dizendo que o país é “historicamente voz ativa na construção da agenda global” sobre o meio ambiente e que estava “reforçando” os compromissos já assumidos pelo país ao longo dos anos.   

“O Brasil está na vanguarda no enfrentamento ao aquecimento global”, pontuou já no início.   

Em sua fala, o presidente ressaltou que a nação “é a detentora da maior biodiversidade do planeta” e que a “maior causa” da poluição no mundo é a “queima de combustíveis fósseis por dois séculos”. Ele ainda pontuou que, atualmente, o país representa “menos de 3%” das emissões de gases tóxicos.   

Em diversos momentos, Bolsonaro pontuou as “diferentes” responsabilidades que cada país possui e anunciou um novo compromisso do governo, como a antecipação em 10 anos da neutralidade climática – de 2060 para 2050. Os demais anúncios já eram iniciativas assumidas pelo país nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, como a redução de 37% da emissão de gases até 2025 e de 40% até 2030.   

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O presidente reiterou o compromisso brasileiro de zerar o desmatamento ilegal no país até 2030, o mesmo citado em uma carta enviada na última semana a Biden, o que reduzirá “quase 50% das nossas emissões”. Além disso, ele anunciou que “duplicaria” a verba dada ao Ministério do Meio Ambiente para fiscalizações, sem citar valores ou período.   

Apesar do discurso, porém, não são poucas as denúncias de órgãos do governo que foram paralisados ou desmantelados a tal ponto que a fiscalização de crimes ambientais está seriamente comprometida.   

“Há que se reconhecer que essa é uma tarefa complexa. Medidas de comando e controle são parte da resposta”, disse ainda.   

Citando o “paradoxo amazônico”, que colocaria em diferentes lados os interesses de proteção ambiental e desenvolvimento os 23 milhões de moradores da região da Amazônia. O assunto é a base da política militar do anos 1970 para a área, que não prega o desenvolvimento sustentável como solução.   

“Temos o desafio de melhorar a vida dos mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, região mais rica do país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de desenvolvimento humano. A solução desse paradoxo econômico é condição essencial para o desenvolvimento sustentável da região.   

Devemos aprimorar a governança da terra”, pontuou.   

Mudando a postura assumida nos últimos dois anos, Bolsonaro falou por diversas vezes que o Brasil está “aberto” para financiamentos de países, empresas e organizações que “querem ajudar de maneira imediata na solução dos problemas”. O presidente também citou que é “justo” que o país seja recompensando pela quantidade de biomas naturais que dispõe e que deve proteger.   

“Convido a todos a nos apoiar nessa missão. Contem com o Brasil”, fechou o discurso.   

O governo federal está sob intensa pressão, especialmente dos EUA, para assumir medidas mais efetivas para o combate ao desmatamento e o cuidado com a natureza. Por isso, o discurso de Bolsonaro foi em um tom bastante diferente do visto em setembro do ano passado durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.   

Bolsonaro estava na parte final dos líderes mundiais a falar durante a primeira parte do evento, depois dos chefes de governo de países europeus, China, Rússia, Ilhas Marshall, Bangladesh, Argentina entre outros. (ANSA).   


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