Ao se recusar a comprar imediatamente as vacinas necessárias para a imunização contra a Covid-19 das milhares de criancinhas brasileiras, com idades entre 5 e 11 anos, deixando-as expostas à doença e até à morte, o presidente Bolsonaro está agindo de maneira muito semelhante a um carrasco de nossas criancinhas, como foi Herodes, o Rei da Judéia, quando Jesus nasceu. Ao saber do nascimento de Jesus, após uma visita que recebeu dos Três Reis Magos, que foram a ele anunciar o nascimento de o “Rei dos Judeus”, Herodes mandou matar milhares de criancinhas na Judéia, especialmente em Belém, onde Cristo nasceu, desejando assim que o filho de Deus não sobrevivesse. Passou para a história como o maior carrasco de criancinhas. Mas Jesus sobreviveu, como se sabe. Já as milhares criancinhas brasileiras, vítimas do negacionismo de Bolsonaro, podem não ter a mesma sorte.

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O que Bolsonaro está fazendo agora, guardadas as devidas proporções, evidentemente, é escorado nos relatos feitos na Bíblia, que tanto a família presidencial diz ler, sobretudo pelo apóstolo Mateus (2: 1-16). O chefe do Poder Executivo diz que não autoriza a imunização infantil por ter dúvida se a vacina é eficiente para crianças. Falava o mesmo das vacinas para adultos, que foi o que nos salvou. Poderíamos estar agora com mais de um milhão de vítimas fatais (tivemos, até agora, 619 mil). Como diz o governador Doria, se as vacinas tivessem sido aplicadas em dezembro do ano passado como ele deseja, por ter milhares de doses prontas para serem aplicadas, poderíamos ter salvo 260 mil vidas. E, mesmo assim, a vacinação somente começou em janeiro porque o governo de São Paulo pressionou Bolsonaro, que queria dar início à imunização somente em abril.

Ora, os mais variados cientistas do mundo já disseram que as vacinas para crianças de 5 a 11 anos são seguras e eficazes. Seria Bolsonaro um gênio da ciência, que contraria os mais diversos pareceres científicos ou mesmo dos competentes técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já aprovaram as vacinas da Pfizer para a imunização das nossas criancinhas?

Não dá para entender, definitivamente, quais são os critérios que Bolsonaro e seu pau mandado na Saúde estão usando para não adquirir as vacinas de imediato. Afinal, a Pfizer já disse ter os medicamentos disponíveis para o Brasil (está em vigor o contrato para a entrega de 100 milhões de doses), bastando que as autoridades brasileiras solicitem a remessa dos produtos.

O carrasco brasileiro de criancinhas, porém, não está respeitando nem mesmo os apelos da Justiça. O STF tem dado pareceres no sentido de mostrar ao capitão que ele deve iniciar o mais urgente possível a imunização das nossas criancinhas. Já morreram, até aqui, 2.200 delas com Covid-19 e não se pode protelar mais a vacinação em massa do público infantil.

Embora Queiroga e Bolsonaro tenham dito que o número de mortes de crianças não é relevante (afinal, entre elas não está nenhum dos seus filhos ou netos), o ministro do STF Ricardo Lewandowski deu prazo de cinco dias, na véspera do Natal, para que o Ministério da Saúde justifique a necessidade da apresentação de prescrição médica e autorização dos pais para que a meninada possa ser imunizada. Essas exigências são criminosas, absurdas e claramente procrastinadoras do início da imunização infantil.

Todos sabem como é lenta a fila de consultas no SUS para as famílias carentes e como esse processo somente burocratiza e dificulta a imunização das crianças pobres. Aliás, é exatamente esse público mais exposto ao vírus. O Brasil está, inexoravelmente, na contramão do mundo civilizado mais uma vez sob governo negacionista de Bolsonaro. O presidente não se cansa de maltratar os brasileiros, sejam eles adultos calejados, sejam alguém na tenra idade.