Insatisfeito com o comportamento de alguns parlamentares do PSL, o presidente Jair Bolsonaro tem confidenciado a assessores que pode mudar-se para o DEM. Ele reclama que o PSL não defende seus projetos como deveria e muitos parlamentares trabalham contra suas decisões. O caso mais visível aconteceu com a MP 870, que determinou a reestruturação administrativa de seu governo, com a redução de 29 para 22 ministérios, mas, sobretudo, com a transferência do Coaf para a Justiça. Na negociação para o Senado manter a decisão da Câmara sobre a MP, mesmo tirando o Coaf de Moro, devolvendo-o ao ministro Paulo Guedes, teve senador do PSL que insistia em desfazer esse acordo, colocando em risco a redução dos ministérios. Bolsonaro estrilou.

Cabeçadas

Não é de hoje que o PSL impõe dores de cabeça a Bolsonaro. Em fevereiro, o presidente do partido, Luciano Bivar, votou contra o governo na Lei de Acesso à Informação. E, agora, há deputados do PSL pressionando o presidente a sancionar a lei proibindo o pagamento de bagagens nos aviões, enquanto as empresas pedem que o governo vete a medida.

Retaguarda

Bolsonaro entende que terá compreensão maior se for para o DEM, de onde são três ministros de seu governo: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura). Todos, aliás, fazem um bom trabalho. Esse, inclusive, é outro ponto de atrito: por que o PSL não tem nenhum ministro e o DEM tem três?

Pombo correio

RICARDO MORAES

Lula, que já poderia cumprir a pena no regime semiaberto, mas com tornozeleira, diz que se for assim ele prefere ficar preso. “Tornozeleira é para ladrão ou pombo correio.” Realmente, o ex-presidente não é pombo, pois já teria voado da cela. Já ladrão, ninguém tem dúvida: ele foi condenado a 21 anos de cadeia por ter roubado dinheiro dos cofres da Petrobras.

Rápidas

* A CGU descobriu nova farra com o dinheiro público. Desta vez foi no seguro defeso, benefício pago aos pescadores que não podem trabalhar por causa da piracema. Cerca de 25% dos 2.400 pescadores que recebem o seguro nem vivem da pesca.

* No dia em que teve o celular hackeado, Moro esteve no Paraguai, conhecido por abrigar criminosos de todo tipo. Ele deu a largada na Operação Alianza, celebrada entre a PF e a Senad paraguaia, para a erradicação de plantações de maconha.

* O deputado Gil Diniz (PSL-SP) foi derrotado por ISTOÉ na Justiça. Ele entrou com ação por danos morais contra esta coluna, mas a juíza Fernanda Bofarine Deporte, da 1ª Vara Cível da Lapa, deu ganho de causa à revista.

* Diniz pediu indenização porque a coluna afirmou que ele enganou Bolsonaro ao não revelar suas ligações com uma central sindical filiada ao esquerdista PCO. A coluna provou o que publicou.

Retrato falado

“Cadeirinha é mais barata que caixão” (Crédito:Divulgação)

A deputada Christiane Yared (PL-PR), aliada de Bolsonaro, está contra o projeto do presidente de afrouxar punições nas regras de trânsito. Ela não se conforma com a decisão do governo de não multar os motoristas que não usarem cadeirinha para crianças. Diz não saber o valor de uma cadeirinha, mas o preço de um caixão ela conhece bem. Afinal, enterrou seu filho, morto pelo ex-deputado José Carli Filho, que dirigia embriagado e em alta velocidade em Curitiba há 10 anos.

Toma lá dá cá

Deputada Joice Hasselmann(PSL-SP)

Como a sra. vê a movimentação de deputados que desejam mudar a proposta de Reforma da Previdência do governo?
Estamos conversando com todos e vamos trabalhar em cima do texto do governo, que resolverá o problema da Previdência por décadas. Mas é óbvio que o Congresso fará alterações no texto e não há problema nenhum nisso.

A sra. acha que os deputados desejam ganhar protagonismo e tirar poder do presidente na condução da reforma?
Não faz a menor diferença se o texto tem mais “dedos” do Legislativo ou do Executivo. O que interessa é um bom resultado apresentado ao país. Vamos finalizar essa missão juntos, deputados, senadores e o presidente, pelo bem da nossa economia e do povo brasileiro.

Pelotão de fuzilamento

O deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara, andou na corda bamba por um bom tempo. Quase perdeu o cargo na liderança, até por pressões de outros deputados do próprio PSL, inclusive da deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso. Mas, por ser amigo íntimo do presidente Bolsonaro, ganhou fôlego e vem se mantendo no posto. Se desentendeu até com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que cortou relações com ele depois que o Major publicou em seu site o desenho de um homem carregando um saco de cheio de dinheiro na cabeça ao entrar na Câmara. A charge irritou profundamente Maia.

Almoço da paz

Para mostrar que já perdoou o Major, Rodrigo Maia o convidou para um almoço na residência oficial da presidência da Câmara. Deputados do PSL também foram convidados. Ao final do banquete, deveriam fumar o cachimbo da paz. “Harmonia e estabilidade para aprovarmos as reformas”, disse Vitor Hugo.

Bate-pronto

A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) publicou um tuíte interessante. “Votar o crédito suplementar de 248 bilhões que Bolsonaro pediu? Voto. Votar a modernização da Previdência sem prejudicar os mais pobres? Voto. Decreto para armar a população? Não voto. Votar Previdência para os estados no lugar das Assembleias? Não voto. Simples assim”. Foi direta e sem rodeios.

Jane de Araújo

Morde e assopra

Vale lembrar que a senadora foi vice de Ciro Gomes na eleição para presidente do ano passado e faz parte da oposição mais comedida que o PDT vem fazendo ao governo. Antes dessa postura, foi ministra da Agricultura de Dilma Rousseff, do intransigente PT. Agora, afastou-se dos petistas e está dando uma no cravo e outra na ferradura.

República das bananas

Divulgação

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, revogou uma portaria permitindo que o Brasil importasse bananas do Equador. “Vale do Ribeira e SC (os maiores produtores brasileiros) ficaram felizes”, comentou o deputado Eduardo Bolsonaro, o 03. Temia-se que as bananas equatorianas trouxessem vírus para infectar nossos bananais.