Depois de dois dias na “geladeira”, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, foi recebido nesta sexta-feira, 15, pelo presidente Jair Bolsonaro, mas sua permanência no cargo ainda é incerta. Interlocutores do governo não descartam que Bebianno seja demitido do cargo até segunda-feira. A reunião foi descrita como tensa, mas nas palavras de um amigo do ministro, “foi um encontro necessário”.

Pessoas próximas a Bebianno afirmaram que caso a demissão se confirme o ministro sairá “atirando”. Ele era presidente do PSL durante a campanha presidencial e coordenou a candidatura de Bolsonaro.

Como compensação à saída do governo, a Bebianno foi oferecido um cargo na máquina federal fora do Palácio do Planalto. Ao desabafar ontem com integrantes do governo, o ministro disse que “não se dá um tiro na nuca do seu próprio soldado”.

“É preciso ter o mínimo de consideração com quem esteve ao lado dele o tempo todo”, afirmou Bebianno, segundo o site G1.

Antes da reunião com Bolsonaro, ele chegou a ser comunicado ontem pelos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo) de que permaneceria no cargo. Não houve, no entanto, qualquer manifestação oficial sobre o assunto.

No encontro estavam alguns dos principais defensores de Bebianno nos últimos dias: o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, Onyx e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

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Integrantes do governo e do Legislativo argumentavam que a saída de Bebianno neste momento poderia atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência no Congresso, prioridade de Bolsonaro no momento. Colegas de partido de Bebianno também defendem a permanência dele no cargo com o argumento de que ele é fiel ao presidente e bom interlocutor.

Outro motivo que reuniu militares e civis em defesa de Bebianno é o receio de que um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, ganhasse mais poder e influência dentro do governo.

Após reuniões com ministros e auxiliares, o presidente concordou ontem com a avaliação da necessidade de afastar o seu filho de questões do governo. Carlos foi o pivô da crise ao acusar Bebianno de mentir sobre conversas que teria tido com Bolsonaro, na terça-feira passada. A publicação foi compartilhada por Bolsonaro.

Na ocasião, Bebianno tentava afastar os rumores de indisposição com o presidente por causa das acusações de que teria participação em um suposto esquema de candidatos laranjas do PSL, quando ele presidia a sigla.

Antes da reunião desta sexta, durante evento na cidade de Sorriso, no Mato Grosso, Mourão disse que Bolsonaro vai “botar ordem nos filhos”. “Essas questões são internas. Os filhos são um problema de cada família. Tenho certeza que o presidente, em momento aprazado e correto, vai botar ordem na rapaziada dele”, declarou o vice.

No Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro retomou nesta sexta os trabalhos na Câmara Municipal do Rio. A Casa só voltou hoje do recesso. No plenário, tirou foto de um requerimento de outro vereador para homenagear Mourão e compartilhou as imagens nas redes sociais. Pelas redes, ele já escreveu que a morte do pai interessaria a pessoas que estão muito perto dele. O que foi entendido no Planalto como recado a Mourão.

Carlos manteve silêncio sobre o assunto nesta sexta, assim como Bebianno e os ministros. Alguns dos aliados do filho do presidente, por outro lado, não pouparam Bebianno de críticas.

Agenda

Desde ontem, a avaliação de aliados de Bebianno era de que após o desgaste provocado pelos ataques de Carlos seria difícil que os dois permanecessem juntos no governo, o que faria com que o presidente tivesse que escolher entre um deles. Apesar do cargo de vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos possui aliados no Planalto e influência nas decisões. Bolsonaro chegou de surpresa ao Palácio do Planalto no meio da tarde, apenas poucos minutos depois de Bebianno deixar o prédio. O desencontro, segundo aliados de Bebianno, não teria sido proposital. De acordo com eles, o ministro não sabia que o presidente estava a caminho quando saiu.

Diante do clima de incerteza em torno da permanência no cargo, Bolsonaro chegou a cogitar fazer um pronunciamento público sobre o assunto, mas desistiu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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