Nenhuma mulher deve votar em Jair Bolsonaro — nem mesmo a sua esposa, sra. Michelle, se de fato ela se solidariza com pessoas em situação de vulnerabilidade, como costuma dizer. O presidente, vazio que é de racionalidade e inteligência, vazio que é de sentimentos humanitários e empatia, vetou o projeto de lei que determinava a distribuição gratuita de absorventes às estudantes adolescentes de baixa renda e às mulheres em situação de rua.

Bolsonaro considerou que a impossibilidade financeira de comprar absorvente não é um problema de saúde pública. Ele desconhece – ou, se conhece, finge que ignora – o conceito de pobreza menstrual. É alto o índice de falta às aulas porque as alunas menstruadas, sem dinheiro para a compra de absorventes, ficam em casa.

Muitas vão ao colégio, com papel, jornal ou pedaços de panos fazendo a vez do acessório íntimo. Moradoras em situação de rua têm de agir da mesma forma. Isso causa infeções nas adolescentes e nas mulheres em geral. Mas, para o doutor Bolsonaro, a questão não diz respeito à saúde pública.

As mulheres, de todas as classe sociais, deveriam se unir — e, em nome da condição feminina, jamais votar em um homem que as trata dessa maneira. Essas mulheres estariam honrando a si próprias, estriam honrando as desvalidas da sorte, estariam honrando as adolescentes. Estariam honrando, ainda mais, o empoderamento que já possuem.

Bolsonaro não é homem para mulher votar. Ele alega que não ficou explícita no projeto “a fonte de custeio ou medida compensatória”. Ou seja: considera bobagem a União gastar dinheiro com absorventes . Se ele, Bolsonaro, parar de jogar dinheiro fora comprando a quinquilharia do kit Covid, com certeza sobrará verba para ser empregada em coisas úteis.

Mulheres, digam “não” a Bolsonaro, digam “não” a quem as despreza como ele o faz.