Não se deve confundir o tal Capitalismo de Estado (compadrio com empresários escolhidos a dedo, digo pela carteira) e a cleptocracia generalizada praticados pelo lulopetismo desde que chegou ao poder em 2002, com as políticas, pensamentos e práticas da esquerda. Sim, claro, há muitos regimes de esquerda que se assemelham ao lulopetismo, mas não são todos nem muito menos a regra.

De igual sorte, não se pode atribuir à direita ou ao conservadorismo o que temos hoje no País sob a direção do devoto da cloroquina. Tal como o lulopetismo não representa a esquerda, no máximo alguns conceitos dela, o bolsonarismo não representa nem o conservadorismo nem a direita. O amigão do Queiroz é somente a expressão dele mesmo e de toda mediocridade tão comum às bestas que lhe cercam.

Os movimentos conservadores clássicos, oriundos da Europa Ocidental dos séculos XVII e XVIII, criados em princípio como contraposição às revoluções inglesa e francesa, pretendiam combater ideologicamente os movimentos chamados progressistas, sem jamais tornarem-se ícones do reacionarismo, e muito mais do que isso, sem tornarem-se esbirros de movimentos ultra-conservadores e ultra-religiosos.

Bolsonaro e bolsonaristas, de conservadores ou de direita têm muito pouco ou quase nada, já que não pensam como tais, não produzem políticas como tais, não se comportam como tais e nem sequer conhecem a origem e os fundamentos básicos do conservadorismo e de políticas de direita. Apenas babam ódio, preconceito, rancor, obscurantismo, negacionismo, xenofobia, e invocam um falso patriotismo esdrúxulo.

O próprio Bolsonaro, mais de uma vez, já declarou que não veio para construir, mas sim para destruir. Para o psicopata do Planalto nada do que havia antes presta, e primeiro tem que ser destruído para, só então, o admirável mundo novo bolsonarista surgir iluminando nosso triste horizonte. Nada mais anti-conservador que isso é possível. O pai do senador das rachadinhas se pretende o novo Criador.

Para piorar, agendas religiosas, nacionalistas e bélicas se misturam em um caldeirão de pura ignorância popular. Coloca-se como opção apenas dois caminhos, sempre opostos, como se outras alternativas equilibradas e sensatas não fossem possíveis. Ou se é de esquerda ou de direita (do contrário, você se torna um isentão); ou se é contra ou a favor do aborto (sem que se possa ponderar mais nada).

Para Bolsonaro e bolsonaristas, armas têm de ser liberadas e pronto! Regras, considerações e ajustes, pra quê? Aborto não pode e acabou! Exceções, como estupro ou risco de vida, que se danem. Liberdade de expressão e manifestação políticas? Só se forem a favor do regime, do contrário, nada feito. E quem não concordar plenamente com a tigrada, que procure outro país para viver. De preferência, Cuba ou Venezuela.

Ser – e agir como – um perfeito estúpido sem limites na pandemia, não torna ninguém de direita ou de esquerda. Se o maridão da “Micheque”, por aqui, prega tratamento (precoce) imaginário e oferece cloroquina às emas do Alvorada, Nicolás Maduro, na Venezuela, anunciou, dias atrás, um antiviral em gotas capaz de neutralizar em 100% o coronavírus. Entendem o que eu digo?

Eu me considero conservador, e sou favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Eu me considero liberal, e sou favorável ao Bolsa Família, às cotas sociais e não compro a “ideia pura e simples” da meritocracia. Eu me considero de direita, e acho que a vacinação deve ser obrigatória. Sabem o que, ou quem, eu represento, além de mim mesmo e dos meus valores? Nada. Nem ninguém.