O período em que o Brasil foi governado pela ditadura militar (1964-1985) foi uma desgraça. Matava-se gente a torto e a direito. As mentes mais brilhantes da Nação, após terem seu trabalho censurado e serem perseguidos, exilaram-se na Europa para não morrer. A Itália, por exemplo, recebeu Chico Buarque. E, em Roma, entre os anos de 1969 e 1970, ele compôs muitas músicas, uma delas: Apesar de você.

Trata-se de crítica contumaz à barbárie dos generais. E não é que Jair Bolsonaro, filhote da ditadura, empedernido admirador de torturadores, prestes a ser deportado dos EUA, também pensa em morar na Velha Bota? Ele sabe o que fez durante quatro anos de mandato e tem medo ser preso.

Evidentemente que, ainda bem, a coincidência é apenas uma coincidência. O momento pelo qual o País passa é oposto ao período de exceção e os personagens são absolutamente distintos. Aqui entre nós, mesmo tendo sido presidente da República, Jair Bolsonaro não tem estofo nem para escrever com a caneta de Chico Buarque.

Além disso, Chico é queridíssimo em toda a Itália e Bolsonaro, mesmo tendo a ascendência italiana, está mais perto de se tornar persona non grata em Anguillara Veneta, cidade no interior do país, que é berço dos Bolsonaro, que um ilustre morador.

Tanto os trabalhadores locais quanto os políticos da região não querem que ele compre residência e se instale por lá. O ex-presidente ao ser enxotado dos Estados Unidos, algo que deve acontecer logo-logo, terá de voltar ao Brasil, onde responderá na Justiça por seus muitos crimes.