Um gaúcho de 49 anos, portador de Covid-19, foi preso no interior do Rio Grande do Sul por tentar espalhar o novo coronavírus, passando a mão “com cuspe” nas maçanetas dos carros estacionados nas ruas das cidades de Planalto e Iraí.

Detido duas vezes em flagrante, o meliante poderá responder criminalmente por “introdução ou propagação de doença contagiosa”, crime previsto no artigo 268 do Código Penal. Como anteriormente havia sido solto, foi transferido para um hospital.

Após tomar conhecimento deste caso bizarro e profundamente lamentável, fiquei cá, com meus botões, a pensar: se eu reunir um monte de gente e, sem máscara, começar a berrar, espalhando perdigotos potencialmente contaminados, seria crime?

Se eu chegasse de mansinho, para meia dúzia de pessoas sem muito conhecimento e pouco instruídas, e as aconselhasse fortemente a não usar máscara, a aglomerar sem necessidade e até mesmo a enfrentar o vírus de peito aberto, seria crime?

Se eu, sem máscara e com mãos imundas, segurasse e beijasse crianças e bebês, trocasse dezenas de apertos de mãos com desconhecidos igualmente desprotegidos, andasse por via pública em desacordo com as normas sanitárias, seria crime?

Se você, leitor amigo, leitora amiga, conhece alguém que proceda assim, denuncie à Justiça. E se essa pessoa horrível, irresponsável, homicida, verduga, psicopata e maníaca age dessa maneira com frequência, tanto pior, pois o crime é agravado.

Mas vou logo avisando: se você pensou em Bolsonaro, então esqueça. Ele é, ao que parece, inimputável. Pode fazer tudo isso – e mais um pouco! – à vontade e sem ser incomodado por nada e por ninguém. Afinal, ele é o mito. E nós, apenas um bando de maricas.