Em meio à expectativa de que a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresente uma denúncia por seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após as eleições de 2022, Jair Bolsonaro (PL) almoçou com a bancada do PL no Senado nesta terça-feira, 18, e fez uma defesa da aprovação da anistia aos presos pelos atos criminosos do 8 de janeiro.
+Por que Lula não consegue repetir o sucesso dos mandatos anteriores
Os senadores de PL e Novo se reúnem para um almoço toda terça-feira na Casa, mas desta vez o encontro teve a presença do ex-presidente. A conversa serviu para traçar estratégias sobre as pautas da oposição.
Na saída da reunião, Bolsonaro se irritou com perguntas sobre a possível denúncia da PGR e respondeu que espera agora “ter acesso aos autos”, em referência ao processo que corre em sigilo. Questionado se está tranquilo sobre a denúncia, ele respondeu: “Olha para a minha cara, o que tu acha? Eu não tenho preocupação com as acusações, zero“.
Bolsonaro afirmou que, após conversar com Gilberto Kassab, presidente do PSD e a quem vinha direcionando críticas pela sua presença no governo Lula (PT), avaliou já ter apoio suficiente na Câmara para aprovar a anistia. Ele não mencionou a viabilidade de passar a proposta no Senado.
“Há dez dias eu conversei com o Kassab. O que eu sinto conversando com parlamentares como os do PSD, a maioria votaria favorável. Acho que na Câmara já tem quórum para aprovar a anistia”, declarou Bolsonaro a jornalistas.
Objetivo é mudar Lei da Ficha Limpa
Questionado se teria votos suficientes para também aprovar a sua própria anistia — ele é tanto indiciado pela Polícia Federal por tentativa de golpe quanto condenado à inelegibilidade de oito anos pela Justiça Eleitoral por ataques à democracia –, o ex-presidente respondeu que o seu caso poderia ser resolvido com uma revisão da Lei da Ficha Limpa, e não um projeto de lei para perdoar seus crimes.
“Não é anistia o meu caso. O meu caso é mudar a Lei da Ficha Limpa. Deixa amadurecer um pouquinho mais. O pessoal está entendendo que a Lei da Ficha Limpa é usada para perseguir a direita, só isso”, declarou. Como relatou a IstoÉ, o grupo político de Bolsonaro se articula para amenizar as punições a políticos condenados, previstas por essa legislação desde 2010.