Para o que serve uma empresa deficitária, que ano após ano só dá prejuízo? Bem, se você for muito humanista ou incapaz de fazer as contas corretas, dirá que serve para garantir os empregos dos funcionários. Afinal, os pobres coitados têm família para sustentar.

Beleza. Mas se a estrovenga não dá lucro, como poderá pagar os salários? Ora, que o dono tire do próprio bolso, já que é muito rico, diria alguém. Agora a conta fecha? Sim, fecha. Você considera isso um ato de justiça social? Se considera, é bom rever seus valores.

Reza a lenda que o órgão mais sensível do ser humano é o próprio bolso. Pois é. Pimenta no dos outros é refresco, né, não? O empresário acima que o diga. Você quer vê-lo meter a mão no cofrinho das crianças para bancar a empresa deficitária. Mas… e se for você?

Isso aí: e se o tal empresário for você? Toparia tirar da boca dos seus filhos para alimentar o dos outros? Não, né? Eu sei. E te entendo bem. Não há mal algum nisso. Ainda mais quando você souber o que fazem e o quanto ganham os trabalhadores da tal empresa.

Estou me referindo às 18 companhias estatais que, só este ano, vão tirar do meu suor e trabalho – e do de vocês também – nada menos que 21.5 bilhões de reais. São, na absoluta maioria, porcarias que não servem para nada, a não ser garantir a boa vida de alguns.

Há exceções? Sim, há. Raríssimas. Uma ou outra empresa, como a Embrapa, que ainda produz algo. No geral, são cabides de empregos, antros de corrupção, abrigos de cargos do troca-troca político, depósitos de parentes e amigos dos poderosos.

Sabe, por exemplo, a estrada federal caindo aos pedaços, onde você arrisca a vida e os caminhoneiros penam? Então, o governo estima que gastará com obras de infraestrutura algo como 7 bilhões de reais. Simplesmente ⅓ do que gastará com as estatais.

Você, eu e todos os nossos 210 milhões de irmãos somos obrigados a viver mal e porcamente, sem saúde, educação e segurança pública, sem infraestrutura adequada, sem serviços públicos decentes, porque temos de garantir a existência dos falidos.

E aí, Bolsonaro? Não era para mudar? E aí, Guedes? Não teríamos 1 trilhão de reais, em privatizações, apenas no primeiro ano de governo? Cadê? Bem fez o genial Salim Mattar, dono da Localiza. Foi, viu e se mandou. Coitado. Não devia sequer ter ido.