A despeito de um governo beligerante, errático e incapaz de lidar com a complexa situação sanitária e econômica provocada pela Covid-19, Jair Bolsonaro se mantém favorito à reeleição presidencial daqui dois anos, segundo indica a nova rodada de pesquisas do Instituto Paraná.

A ausência de nomes fortes, à esquerda e ao centro, é, sem dúvida, um dos fatores para tal favoritismo, mas é imperioso reconhecer as qualidades do presidente, percebidas pela maioria do eleitorado. Quais? Bem, aí é com essa maioria.

Não há dúvida que este governo eliminou a chaga da corrupção estrutural na esfera da União. Ao menos a corrupção sistêmica e importante, já que pequenos e pulverizados casos, provavelmente ainda ocorrem aqui e acolá. É assim no mundo todo.

Também não há dúvida a respeito do viés liberal que o governo tenta implementar na economia. Não diria um liberalismo clássico e rígido, mas algo que, ao menos, se aproxime de uma economia de mercado e pró-empreendedorismo.

Esses dois fatores são bastante sensíveis e influentes junto ao eleitorado que resolveu romper com a catástrofe lulopetista. Além disso, a guinada rumo ao Centrão, após a prisão do primeiro-amigo Fabrício Queiroz, trouxe certa calmaria ao debate político, algo extremamente desgastante para o presidente.

Não menos importante, e também relacionado ao arranjo político do momento, está o impacto espetacular causado pelo chamado “corona voucher”, a ajuda federal de R$ 600 (em alguns casos, R$ 1.2 mil por família). Se um bolsa-família de R$ 200 é importante, o que dizer de valores assim?

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Tudo somado, e tudo o mais constante, Bolsonaro, salvo um Queiroz ainda maior, caminha firme para consolidar, no mínimo, sua presença num provável segundo turno em 22, com chances bastante claras de reeleição.

Particularmente, gostaria muito de um nome alternativo, desde que bem distante do espectro do lulopetismo e afins, inclusive (e sobretudo!) Ciro Gomes. Não surgindo, espero que o País seja muito mais rígido com o presidente. Afinal, “corona voucher” e bravatas não resolverão nossos graves problemas.

O Brasil, definitivamente, precisa aprender a exigir mais – muito mais! – de seus eleitos.


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