O presidente Jair Bolsonaro lidera neste domingo (23) uma manifestação de milhares de motociclistas nas ruas do Rio de Janeiro em apoio ao seu governo, gerando aglomerações em plena pandemia.
Acompanhado por inúmeros agentes de segurança, o desfile motorizado – transmitido ao vivo pela conta do Facebook do presidente – foi acompanhado por vários manifestantes que o cumprimentavam ao longo do trajeto, agitando bandeiras nacionais.
Após meia hora de trajeto, as motos pararam por alguns minutos e Bolsonaro, com seu capacete e sem máscara, ficou à frente de seu veículo para cumprimentar a multidão.
Os gritos de “mito!” eram ouvidos entre o barulho dos motores.
O ato partiu do Parque Olímpico que recebeu os Jogos Olímpicos de 2016 e, durante uma hora e meia, percorreu cerca de 40 km ao longo das praias do Rio, principalmente as mais turísticas, Ipanema e Copacabana.
Ao chegar na praia do Flamengo, próxima ao centro da cidade, o presidente desceu de sua moto para dar um passeio entre os milhares de manifestantes que o esperavam. Estendeu a mão e posou para fotos, todos com os rostos descobertos.
“Meu exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa”, disse o chefe de Estado em um breve discurso em uma plataforma.
“Sem qualquer evidência científica, governadores e prefeitos decretaram lockdown ou toques de recolher (…). Estamos dispostos a tomar todas as medidas necessárias para garantir sua liberdade”, disse aos seus seguidores.
Há uma semana, o chefe de Estado chegou a cavalo em uma manifestação de agricultores em Brasília.
Na sexta-feira, Bolsonaro foi multado pelo governo do Maranhão por provocar aglomerações e não usar máscara em uma cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural, quando o uso da máscara é obrigatório nesse estado e é proibido organizar reuniões de mais de 100 pessoas.
O valor da multa será estabelecido depois que o presidente apresentar sua defesa, para a qual tem cerca de 15 dias.
Bolsonaro foi criticado pela sua gestão caótica da pandemia, em um país onde a covid-19 deixa quase 450.000 mortes.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado foi instaurada há três semanas para revisar as “omissões” do governo durante a crise sanitária, e já recebeu vários depoimentos nas suas primeiras audiências.
Durante a manifestação deste domingo no Rio, o presidente estava acompanhado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, acusado por muitos senadores de ter mentido nesta semana na CPI, em uma tentativa de minimizar a responsabilidade do governo.